domingo, 13 de abril de 2025

392ª sessão: dia 15 de Abril (Terça-Feira), às 21h30


Great Yarmouth: Provisional Figures de Marco Martins, esta terça-feira
 
Para o mês de abril, o Lucky Star – Cineclube de Braga apresenta um ciclo de cinema intitulado “(Sobre)vivências num Mundo Inóspito. Olhares sobre exclusões e resistências” que conta com a parceria do Fórum Cidadania pela Erradicação da Pobreza – Braga e o projeto Migra Media Acts do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho. O ciclo é composto por filmes que representam criticamente a vulnerabilidade humana e as condições político-económicas que a potenciam, dando a conhecer problemáticas e formas de resistência.

Esta terça-feira, 15 de abril, o ciclo prossegue com o filme Great Yarmouth: Provisional Figures (2022), de Marco Martins. O realizador português, muito conhecido pelo premiado filme Alice, de 2005, pertence à primeira leva de cineastas formados pela Escola Superior de Teatro e Cinema e tem vindo a realizar filmes de autor desde os anos 90. Great Yarmouth: Provisional Figures foi nomeado na categoria Golden Shell Prize no San Sebastián Internacional Film Festival e ganhou vários prémios em diferentes categorias no Guadalajara Internacional Film Festival (Festival ibero-americano) e nos Prémios Sophia, em Portugal, em 2024.

O filme aborda a situação socioeconómica dos imigrantes portugueses em Great Yarmouth, três meses antes do Brexit, explorando as dinâmicas entre migração e exploração laboral numa região caracteriza-da pelo alto índice de desemprego e pelo apoio expressivo à saída do Reino Unido da União Europeia. A narrativa foca-se na personagem Tânia, uma ex-trabalhadora fabril portuguesa, que chefia uma rede de recrutamento de mão de obra imigrante para as fábricas de peru locais. A rede funciona explorando portugueses recém-chegados, acomodando-os em condições precárias em antigos hotéis da cidade.

Antes das gravações começarem, os atores passaram por uma preparação imersiva onde trabalharam ao lado dos trabalhadores da fábrica, para melhor incorporarem os papéis. Durante o filme o realizador incluiu alguns elementos simbólicos, como, por exemplo, um homem que observa as aves em migração, que subtilmente faz um paralelismo aos movimentos dos migrantes dentro da narrativa.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras, às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.
 
Até terça-feira!

quinta-feira, 10 de abril de 2025

La Rebelión de las Flores (2022) de Maria Laura Vasquez



por Jessica Sérgio Ferreiro
 
O filme A Flor do Buriti (2022), de Renée Nader Messora e João Salaviza, exibido na semana passada, expressava preocupações ecológicas e abordava os diferentes tipos de violência contra povos ancestrais. O recurso ao cinema, não somente como ferramenta de denúncia e activismo político, mas como meio visual de representação cultural (de uma estética inclusive) e de comunicação da História Oral destas nações, é, enquanto tal, um gesto subversivo e decolonial que contraria paradigmas de pensamento hegemónicos e modos convencionais de representação.
 
No alinhamento da programação deste ciclo, La Rebelión de Las Flores (2022), de Maria Laura Vasquez, dá continuidade e complementa o filme anterior, expondo, numa perspectiva cinematográfica e documental diferente, os problemas e os modos de resistir postos em prática na actualidade, bem como a relação estreita destes com os desafios globais.
 
O recurso ao cinema por parte de nações indígenas tem vindo a ganhar maior importância, ou visibilidade, desde o emblemático filme The Kayapo: Out of the Forest, de 1989, no qual os Kayapo do Brasil pegam nas câmaras de filmar para registar a sua cultura, como forma de resistir às ameaças constantes (e arquisseculares) de apagamento do seu povo e do seu modo de vida, de par com a luta, inclusive legal, para salvaguardar o direito à terra e à sua preservação, denunciando já a lógica extractivista global e prejudicial para o meio ambiente. O trabalho de campo e a realização do documentário contou com a colaboração próxima do antropólogo Terence Turner.
 
La Rebelión de las Flores acompanha um grupo de mulheres indígenas argentinas que, em 2019, ocuparam o Ministério do Interior, em Buenos Aires. Vindas de diversas regiões e nações indígenas da Argentina (Mapuche, Qom, Guaraní, Diaguita, Huarpe, Tonokote, Charrúa, entre outras), com a presença da carismática activista e Weychafe Mapuche Moira Míllan, exigem o diálogo direto com o Ministro do Interior para exigir o restabelecimento dos seus direitos, denunciando a violência estrutural contra seus corpos e os seus territórios.
 
O grupo de mulheres acusam, corajosamente, as empresas privadas, as grandes corporações e a conivência do Estado na prática de vários crimes e tipos de violência contra as suas comunidades e territórios, delatando as ameaças de expropriação para exploração mineira e/ou construção de barragens que submergirão a vários metros de profundidade os seus territórios, bem como a falta de água e a sua contaminação pela extração mineral, causando a infertilidade dos solos e, subsequentemente, a pobreza e a fome. Relatam, ainda, os ataques com incêndios, os raptos e o espancamento de jovens ou, ainda, a violação das meninas como forma de opressão para os obrigar a abandonar as suas casas e terras ancestrais.
 
A ocupação levada a cabo por estas mulheres não é apenas um protesto político, é também um gesto espiritual, põe avante uma cosmovisão indígena e/ou ecofeminista, bem como uma filosofia e modo de conhecimento imbuído no corpo em relação com a natureza (memória, história oral, práticas culturais, etc.). Acto, o qual, na partilha, a produção de conhecimento e a necessidade de um novo pacto social e político ganha expressividade nas ruas da capital, quando outras mulheres, não indígenas, e alguns homens se juntam à ocupação, reconhecendo a urgência em encontrar novas soluções para resolver problemas globais, estes com repercussões a vários níveis e pontos geográficos (por vezes com maior impacto sobre alguns grupos de pessoas, geralmente diferenciadas pelo racismo estrutural).
 
A presença da antropóloga Rita Segato, académica de referência na Argentina e não só, no que concerne aos estudos de género e o estudo da violência enquanto matriz da estrutura colonial e patriarcal, é pontual e surge como aliada e mediadora entre a luta das mulheres indígenas e os debates feministas e académicos, reforçando, assim, a necessidade de um debate público e colectivo com visibilidade. Da mesma forma,  a breve presença, mas marcante, de Nora Cortiñas, uma das fundadoras Madres de la Plaza de Mayo que lutou contra o fascismo, nos finais dos anos 70, na Argentina, reforça a ideia de união e unidade entre as várias lutas que, mesmo em épocas e contextos diferentes, têm causas comuns. O documentário colmata, ainda, a invisibilidade mediática e político-institucional destes movimentos sociais e políticos.
 
Os planos de imagem variam entre planos gerais e aproximados, filmados com a câmara à mão (por vezes até com o telemóvel), típicos do documentário, sobretudo quando se regista um evento que decorre no presente, sem a possibilidade de repetição (ex. ocupação do Ministério, vários “delegados” e responsáveis da administração que aparecem para demover o grupo de mulheres da sua missão). Não obstante, este documentário rompe com a lógica tradicional da representação. Em vez de falar “sobre” as mulheres indígenas e/ou de as representar como a “outra”, o filme fala com elas e por meio delas, dando espaço para que expressem suas próprias palavras, cantos, rituais e silêncios, fomentando uma estética da escuta.
 
Grandes planos gerais da natureza queimadas/incendiadas, captados com drone, denunciam os crimes contra a natureza e a própria vida. Contudo, a realizadora alterna esta visão com planos de paisagens naturais imponentes, colocando-os em diálogo com a força das mulheres, o seu potencial criador e gerador de vida, em oposição a um sistema hipertecnológico e hiperindustrial, reprodutor da morte.
 
A Rebelión de las Flores é cada vez mais pertinente, atendendo à crise política actual vivida na Argentina, em que vários grupos de pessoas, as quais compõem grande parte da massa civil, estão sob ataque (inclusive as comunidades LGBTIQ+), ocorrendo várias marchas, manifestações e movimentos de luta contra o governo tido como fascista. A luta destas mulheres indígenas continua e conta com vários aliados (os quais estão sob constantes ameaças, perseguições e aprisionamentos), persistindo enquanto “Movimiento Mujeres y Diversidades Indígenas por el Buen Vivir” e as “Voces de los Territorios”.
 
 

Bibliografia consultada/leituras recomendadas

 

Herrero, Y. (2019). Los cinco elementos de la crisis ecológica y civilizatoria. Libros en Acción / FUHEM Ecosocial.

Lugones, M. (2008). “Colonialidad y género”. Tabula Rasa, 9, 73–101. https://doi.org/10.25058/20112742.182

Salleh, A. (1997). Ecofeminism as politics: Nature, Marx and the postmodern. Zed Books.

Segato, R. L. (2018). La guerra contra las mujeres (5ª ed.). Traficantes de Sueños.

Segato, R. L. (2013). Las estructuras elementales de la violencia: Ensayos sobre género entre la antropología, el psicoanálisis y los derechos humanos. Prometeo Libros.

Shiva, V. (1988). Staying alive: Women, ecology and development. Zed Books.

Walsh, C., & Mignolo, W. D. (2018). On decoloniality: Concepts, analytics, praxis. Duke University Press.

 

 

 Folha de Sala

quarta-feira, 9 de abril de 2025

O Teu Nome É (2021) de Paulo Patrício



por Catarina Bernardo
 
A curta-metragem O Teu Nome É não é apenas um documentário que retrata um acontecimento verídico, mas é também um meio de resistência, escuta e homenagem.
 
Os traços frágeis que parecem desenhados à mão levam-nos a conhecer o crime que apesar de chocante, foi pouco noticiado na época, mas que, nos dias de hoje, se tornou num exemplo da luta contra a violência de género, transfobia, desigualdade social e invisibilidade. Uma obra que traz testemunhos reais da vida da Gisberta, tanto de amigos da mesma como de dois dos jovens envolvidos no crime, num retrato complexo de como a sociedade que falhou em proteger uma vida vulnerável, mas, também, na educação dos jovens e na sensibilidade social.
 
O filme conta com vários relatos de pessoas próximas da Gisberta, desde algumas histórias sobre a mesma, o seu estado de saúde e como ela conheceu os dois jovens envolvidos no caso. Os quais relatam alguns momentos vividos com a mesma e os motivos que os levou a cometerem os crimes. Durante o filme, alguns comentários sobre a discriminação de pessoas transexuais são bastante notáveis.
 
O realizador Paulo Patrício recorre à animação não apenas como estratégia para salvaguardar a identidade das testemunhas, mas também como instrumento estético que introduz uma suavidade visual, e a paleta de cores suave ajuda a criar uma atmosfera que respeita a sensibilidade do tema abordado. Esta escolha, longe de atenuar a gravidade dos acontecimentos, proporciona uma maior liberdade criativa na representação dos sentimentos, das memórias e dos espaços, permitindo abordar a violência de forma indireta. Dessa forma, o filme transmite, com sensibilidade e respeito, a dor, o abandono e a solidão de Gisberta, conferindo à narrativa um tom poético e profundamente humano.
 
A animação mantém uma relação constante com o som, respeitando o silêncio, a respiração e os gestos. Essa harmonia cria uma atmosfera de sensibilidade, como se respeitasse o tempo das pessoas para se expressarem.
 
O filme impacta justamente por não ser agressivo, mas sim subtil. Adota uma estética de empatia, evitando o sensacionalismo e escolhendo acolher o espectador, convidando-o a ouvir, sentir e refletir.
 
A história da Gisberta tornou-se um símbolo na luta pelos direitos humanos, contra a violência e a discriminação, e representa uma resistência sobre a necessidade de uma sociedade mais justa e inclusiva. Desde 2021 que o colectivo LGBTIQ+ do Porto tem vindo a realizar debates sobre transfobia e lançou a petição para que o nome da rua onde Gisberta foi assassinada lhe fizesse homenagem. O pedido foi aprovado em 2024 e o nome da rua em questão, situada na freguesia do Bonfim, foi alterado para Gisberta Salce Júnior no mesmo ano, como uma forma de manter viva a memória desta mulher e para que crimes como este não voltem a acontecer. 
 
 

sábado, 5 de abril de 2025

391ª sessão: dia 8 de Abril (Terça-Feira), às 21h30


Esta terça, uma longa e uma curta pela dignidade
 
Para o mês de abril, o Lucky Star – Cineclube de Braga apresenta um ciclo de cinema intitulado “(Sobre)vivências num Mundo Inóspito. Olhares sobre exclusões e resistências” que conta com a parceria do Fórum Cidadania pela Erradicação da Pobreza – Braga e o projecto Migra Media Acts do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho. O ciclo é composto por filmes que representam criticamente a vulnerabilidade humana e as condições político-económicas que a potenciam, dando a conhecer problemáticas e formas de resistência.

Esta terça-feira, 8 de abril, serão exibidos dois filmes. O primeiro é a estreia nacional de La Rebelión de las Flores (2022), de Maria Vasquez, e o segundo é uma curta de animação O Teu Nome É (2021), de Paulo Patrício.

La Rebelión de las Flores é um documentário que retrata a ocupação pacífica do Ministério do Interior da Argentina por mulheres de diversas nações indígenas, em 2019. Vindas de regiões como Formosa, Chaco, Santa Fé, Misiones, Salta, Neuquén e Chubut, protestaram contra a destruição sistemática de seus territórios e cultura, exigindo o fim do terricídeo e genocídio das comunidades indígenas. Enfrentando a indiferença do Estado e da sociedade, o grupo de mulheres, num acto de protesto e resistência, luta pela urgência de uma forma de vida baseada na reciprocidade e solidariedade entre os povos e a natureza.

A realizadora fez o registo directo do evento, tido como único na história global. Não se tratando mera-mente de uma nova luta, mas de uma exigência ancestral, refere: “Cada cena era um eco dentro de um eco, cenas repetidas incessantemente durante mais de cinco séculos. Ali, as flores nativas rebelaram-se mais uma vez contra 500 anos de desapropriação e opressão”.

O Teu Nome É, de Paulo Patrício, é uma curta-metragem baseada em factos reais que ilustra a história da morte de Gisberta Salce Jr., transexual e sem-abrigo, que foi torturada no Porto em 2006. O registo documental e a animação dão voz aos testemunhos das amigas de Gisberta. Com um estilo visual sensível e envolvente, “O Teu Nome É” revela-se como um poderoso trabalho de memória e de luta contra qualquer tipo de discriminação.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras, às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre. 

Até terça!


quarta-feira, 2 de abril de 2025

A Flor do Buriti (2023) de Renée Nader Messora e João salaviza


por Estela Cosme
 
O sufoco do medo e da memória são incessantes em A Flor do Buriti, no qual nem a beleza natural da floresta brasileira nos consegue distrair dos horrores vividos e contados pelo povo Krahô no Brasil. O filme narra os eventos deste povo desde 1940, ano em que um massacre matou dezenas de pessoas indígenas que protegiam as suas terras e as suas casas de fazendeiros invasores. Seguiu-se a adesão forçada a um grupo paramilitar durante a ditadura militar nos anos 60, lembrada vivamente pelos membros da comunidade na atualidade. Por sua vez, estes descendentes têm ainda de lutar incessantemente pela proteção do seu território e pelo seu direito a existir em comunidade.
 
A ameaça dos Krahô tem o nome de cupē, uma designação previamente atribuída aos portugueses na época colonial e que agora é usada como referência aos fazendeiros que tanto ameaçam as nações indígenas da região. A ganância levou à violência e ao massacre contra os povos originários que se opuseram ferozmente à exploração das suas terras para a pecuária de larga escala da época moderna. Num mundo em que a vida humana indígena é desprezada e aniquilada para o bem do gado, os fazendeiros surgem como o pior dos males contra a natureza no Brasil contemporâneo. Compete aos Krahô proteger e zelar pela preservação do meio ambiente que os rodeia, assim como o estilo de vida comunitário que acompanha os seus esforços para proteger as suas terras ancestrais.
 
A resistência tem um preço demasiado elevado em todas as épocas retratadas no filme. Os Krahô são perseguidos não só pelos interesses gananciosos dos cupē, bem como pelos interesses opressores de um Estado militarizado e, mais tarde, de um Estado ainda indiferente e, até, hostil à luta e causa indígena. No entanto, o filme demonstra a importância que esta tem para os povos originários que se encontram sem outra alternativa a não ser a recusar vergar-se às forças opressoras do poder global e da criminalidade local.
 
Assistir a um retrato tão poderoso do Krahô não deixa margem para indiferenças por parte dos espectadores, sobretudo quando grande parte da narrativa é vista pelos olhos de Jotàt, uma jovem atormentada nos seus sonhos pelo sofrimento dos seus antepassados. Num mundo percepcionado através do medo, a mãe e o tio fazem tudo para eliminar as inquietudes da filha, embora saibam que as ameaças são reais e o passado se possa vir a repetir.
 
Contudo, as memórias do passado não se podem simplesmente evitar ou até expungir-se da alma, coletiva ou individual. O passado dos Krahô tem um peso incalculável na consciência deste povo e, por isso, ele é retratado pelos próprios com tanta vivacidade e responsabilidade. Assim, o filme presenteia-nos com a sua contribuição incrivelmente marcante. Não é de todo surpreendente que o filme tenha ganho o prémio de Melhor Elenco na sua estreia no Festival de Cannes em 2023.
 
Porém, o filme não se fica por uma mera recriação da história dos Krahô, ensina-nos que, se o passado é cruel, o presente é determinante para que a história seja redirecionada. Este é o motivo que leva dois membros da aldeia, Hyjnõ e Pratpro, à capital brasileira para se encontrarem com membros de outras comunidades indígenas, também elas a enfrentar memórias e eventos traumáticos e a tentar prevenir um futuro igualmente nefasto. Afinal, a união faz a força e é em Brasília onde os Krahô podem finalmente ver a sua realidade espelhada. É lá onde talvez possam encontrar as soluções que tanto procuram para os males que tanto os atormentam.
 
No entanto, quando estamos perto de encontrar algum tipo de resposta, o filme regressa novamente à terra dos Krahô, onde assistimos ao nascimento tão esperado do filho de Hyjnõ. A mãe faz o seu melhor para evitar que o bebé seja sufocado no parto, pois a sombra do medo surge logo à nascença. Pouco tempo depois, a criança está segura no peito da mãe, partilhando já os receios que assolam a sua tribo. Contudo, também nasce com ela a esperança de um mundo melhor, um mundo sem medo e com liberdade. E essa é uma possibilidade que se torna tão sufocante como o medo.