quinta-feira, 28 de agosto de 2025
Vanitas ou O Outro Mundo (2004) de Paulo Rocha
domingo, 24 de agosto de 2025
413ª sessão: dia 25 de Agosto (Segunda-Feira), às 21h30
Em Agosto, o Lucky Star - Cineclube de Braga apresenta quatro filmes menos conhecidos do realizador português Paulo Rocha. O título do ciclo “Paulo Rocha e os Paroxismos” evoca a intensidade narrativa, estética e simbólica que atravessa toda a obra do cineasta. O cinema de Paulo Rocha é feito de excessos sensoriais, rupturas formais e momentos de exaltação — paroxismos que desafiam a narrativa convencional e aproximam o espectador de uma experiência cinematográfica sensível e transformadora. As sessões deste ciclo ocorrem às segundas-feiras durante o mês de Agosto, no Theatro Circo, às 21h30.
Esta segunda, 25 de Agosto, encerra-se o ciclo com o último filme de Paulo Rocha “Vanitas ou O Outro Mundo”, de 2004. Realizado integralmente no Porto, o filme assinala também a primeira experiência do cineasta com o formato digital, numa abordagem que rompe com o brilho superficial associado ao universo da alta-costura. No centro da narrativa está Nela Calheiros (interpretada por Isabel Ruth), uma estilista portuense consagrada que projeta todos os seus afectos e ambições na jovem Mila (Joana Bárcia), transformando-a em musa e modelo. Por influência de Nela, Mila ganha um lugar central no mundo da moda, rodeada pela devoção de três homens obcecados: o padrasto, o primo e o fiel criado. Porém, no auge da idolatria, Mila mergulha num processo de auto-rejeição marcado por anorexia e um profundo sentimento de vazio, que a empurra para um destino incerto.
Exibido pela primeira vez em Locarno, em 2004, “Vanitas ou O Outro Mundo” confirma a vocação internacional de Rocha e encerra, com inquietação, uma das filmografias mais densas do cinema português. A interpretação de Isabel Ruth valeu-lhe o Globo de Ouro de Melhor Atriz, distinção que reconhece o vigor e a entrega das suas colaborações com o realizador.
Ao revisitar a moda como território de vaidade e efemeridade, “Vanitas ou O Outro Mundo” aproxima-se de uma verdadeira meditação sobre a existência. A textura do digital – abrasiva, quase fantasmática – amplifica esse universo sombrio, afastando o filme de qualquer ideia de glamour e inscrevendo-o antes numa reflexão sobre a condição humana.
As sessões do Lucky Star ocorrem durante o mês de agosto no Theatro Circo às segundas-feiras, às 21h30. A entrada custa quatro euros para público geral e dois euros com o cartão quadrilátero. Os sócios do cineclube têm entrada livre, mediante disponibilidade de lugares e reserva antecipada.
quinta-feira, 21 de agosto de 2025
A Raiz do Coração (2000) de Paulo Rocha
[1] in «”Talvez fosse uma loucura, talvez começasse a escavar outro filme nesse filme…”. Entrevista com Pedro Costa sobre o restauro de Os Verdes Anos e Mudar de Vida, de Paulo Rocha», Aniki, vol. 6 nº 1, 2019. Disponível em: https://aim.org.pt/ojs/index.php/revista/article/view/495 (consultado a 12 de Agosto de 2025).
c Publicado em espanhol no letterboxd, a 22 de Fevereiro de 2023: https://letterboxd.com/migblah/film/the-hearts-root/ (consultado a 12 de Agosto de 2025).
[3] Disponível em: https://lugardoreal.com/video/marginalia-i-preambulo (consultado a 12 de Agosto de 2025).
[4] in «A Caldeira do Inferno», Jorge Leitão Ramos, Expresso, 13 de Janeiro de 2001. Disponível em: https://cinemaportuguesmemoriale.pt/Filmes/id/540/t/a-raiz-do-coracao (consultado a 12 de Agosto de 2025).
[5] in «José Mário Branco – Entrevistas para a imprensa 1970-2019», Ricardo Andrade, Hugo Castro e António Branco (org.), Edições tinta-da-china, Lisboa, 2025, pág. 445. Entrevista publicada originalmente no jornal Blitz, a 2 de Janeiro de 2001, com o título de «José Mário Branco – inéditos no grande ecrã».
sábado, 16 de agosto de 2025
412ª sessão: dia 18 de Agosto (Segunda-Feira), às 21h30
Em Agosto, o Lucky Star - Cineclube de Braga apresenta quatro filmes menos conhecidos do realizador português Paulo Rocha. O título do ciclo “Paulo Rocha e os Paroxismos” evoca a intensidade narrativa, estética e simbólica que atravessa toda a obra do cineasta. O cinema de Paulo Rocha é feito de excessos sensoriais, rupturas formais e momentos de exaltação — paroxismos que desafiam a narrativa convencional e aproximam o espectador de uma experiência cinematográfica sensível e transformadora. As sessões deste ciclo ocorrem às segundas-feiras durante o mês de Agosto, no Theatro Circo, às 21h30.
Esta segunda, 18 de Agosto, é exibido o filme A Raiz do Coração. O musical político de Paulo Rocha que desafia convenções. Lisboa, em plena campanha eleitoral e sob o calor das festas de Santo António, torna-se palco de uma fábula político-sexual onde o real se mistura com o fantástico. A história acompanha um candidato populista em ascensão que se envolve com Silvia, uma travesti sedutora e enigmática, e cuja relação ameaça ruir as suas ambições. Entre perseguições, chantagens e rituais populares, cruza-se também Vicente, um polícia implacável, e Ju, figura ambígua que tudo observa. Num clima de festa e tensão, cada personagem enfrenta as raízes mais profundas do coração.
Produzido ao longo de vários anos de maturação criativa, o projeto nasceu da vontade de fundir géneros improváveis: musical, farsa, romance e distopia. A banda sonora, composta por José Mário Branco, e diálogos por Regina Guimarães, marcam o compasso da ação e intensifica a atmosfera de excesso e sedução. O elenco é liderado por Luís Miguel Cintra, que interpreta múltiplas personagens, e por Joana Bárcia, Melvil Poupaud e António Durães, acompanhados por Isabel Ruth num dos seus papéis mais enigmáticos.
Estreado em 2000 no Festival de Locarno e exibido no Festival de Cinema de Turim, A Raíz do Coração conquistou ainda duas nomeações nos Globos de Ouro portugueses — Melhor Atriz (Isabel Ruth) e Melhor Atriz Secundária (Joana Bárcia). Entre elogios à ousadia formal e divisões críticas quanto ao seu excesso estético, o filme permanece uma peça singular do cinema português contemporâneo. Nesta sessão especial, os espectadores terão a oportunidade rara de revisitar — ou descobrir — um título que, mais de duas décadas depois, continua a desafiar convenções e a expandir os limites da narrativa cinematográfica em Portugal.
As sessões do Lucky Star ocorrem durante o mês de agosto no Theatro Circo às segundas-feiras, às 21h30. A entrada custa quatro euros para público geral e dois euros com o cartão quadrilátero. Os sócios do cineclube têm entrada livre, mediante disponibilidade de lugares e reserva antecipada.
terça-feira, 12 de agosto de 2025
Máscara de Aço contra Abismo Azul (1988) de Paulo Rocha
sábado, 9 de agosto de 2025
411ª sessão: dia 11 de Agosto (Segunda-Feira), às 21h30
Em Agosto, o Lucky Star - Cineclube de Braga apresenta quatro filmes menos conhecidos do realizador português Paulo Rocha. O título do ciclo “Paulo Rocha e os Paroxismos” evoca a intensidade narrativa, estética e simbólica que atravessa toda a obra do cineasta. O cinema de Paulo Rocha é feito de excessos sensoriais, rupturas formais e momentos de exaltação — paroxismos que desafiam a narrativa convencional e aproximam o espectador de uma experiência cinematográfica sensível e transformadora. As sessões deste ciclo ocorrem às segundas-feiras durante o mês de Agosto, no Theatro Circo, às 21h30.
Esta segunda, 11 de Agosto, é exibido o filme Máscara de Aço contra Abismo Azul (1988) O título, retirado de duas das suas obras, simboliza a tensão entre a tradição e a modernidade, mas também entre o crítico e a inspiração artística, presença tanto na pintura como neste gesto cinematográfico de Rocha.
Com interpretações de Fernando Heitor, Inês de Medeiros, Vítor Norte, entre outros, a obra percorre episódios da vida do pintor e referências ao universo modernista, como o movimento Orpheu e as influências do Futurismo. Exibido inicialmente em Lisboa, em 1988, o filme viria a integrar a programação do Festival de Pesaro, em Itália, no ano seguinte, e tem sido ao longo do tempo redescoberto em ciclos e retrospetivas — como em 2017, aquando da sua reposição em cópia restaurada pela Cinemateca Portuguesa e lançamento em DVD, no âmbito das comemorações do centenário do artista.
Máscara de Aço Contra Abismo Azul é uma viagem visual e sensorial pela arte moderna portuguesa, onde Paulo Rocha funde o vanguardismo de Amadeo de Souza-Cardoso com as inquietações do presente. Entre colagens de imagens, sons e texturas, fragmentos históricos e pulsões poéticas, o filme explora as contradições da criação artística, confrontando a rigidez das formas (a “máscara de aço”), com a fluidez da imaginação.
Mais do que uma biografia filmada, é um exercício de liberdade formal, onde o cinema se aproxima da pintura para dar corpo a um dos nomes mais inquietos e inovadores da arte portuguesa do século XX.
As sessões do Lucky Star ocorrem durante o mês de agosto no Theatro Circo às segundas-feiras, às 21h30. A entrada custa quatro euros para público geral e dois euros com o cartão quadrilátero. Os sócios do cineclube têm entrada livre, mediante disponibilidade de lugares e reserva antecipada.
quinta-feira, 7 de agosto de 2025
O Desejado ou As Montanhas da Lua (1987) de Paulo Rocha
[1] O Romance de Genji
[1] “Desde os meus tempos do IDHEC que queria filmar O Romance de Gengi [...] É o meu projecto mais antigo.”, in “Paulo Rocha No Cinema Português”, de Carlos Melo Ferreira, disponível em: https://cinema.fcsh.unl.pt/index.php/revista/article/view/86
[1] Citação transcrita do Catálogo do Festival Internacional de Cinema de Veneza de 1987 (evento em que o filme estreou) e disponível em: https://www.torinofilmfest.org/en/13-festival-internazionale-cinema-giovani/film/o-desejado/les-montagnes-de-la-lune/1761