sábado, 22 de março de 2025

389ª sessão: dia 25 de Março (Terça-Feira), às 21h30


Disponível para amar, de Wong Kar-Wai, esta terça
 
Para o mês de março foi programado um conjunto de filmes do realizador chinês Wong Kar-Wai, para constituir uma pequena retrospectiva deste emblemático realizador. Como habitualmente as sessões ocorrem às terças-feiras no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.

Esta terça-feira, 25 de março, o ciclo encerra com o filme Disponível para Amar de 2000, também conhecido pelo seu título em inglês In the Mood for Love e considerado uma obra incontornável de Wong Kar-Wai. 

Disponível para Amar é uma poesia visual que explora as complexidades do coração humano. No frenesi das ruas de Hong Kong, dois estranhos encontram-se, unidos por um elo invisível de desejo. Entre encontros fugazes e desencontros dolorosos, as personagens embarcam numa jornada emocionalmente intensa de amor proibido, onde as linhas entre realidade e fantasia se misturam.

Conhecido por improvisar e alterar as narrativas durante a produção fílmica, Wong Kar-Wai também reformulou a história de Disponível para Amar à medida que as filmagens avançavam. Foi inicialmente pensado como sequela do filme Dias Selvagens (1990), com o título “Verão em Beijing”.
 
A cinematografia foi iniciada por Christopher Doyle e concluída por Lee Ping-Bing, ambos contribuindo para a estética pictórica do filme. Apesar da narrativa assentar na Hong Kong dos anos 60, muitas cenas foram filmadas em Bangkok e Tailândia para criar a atmosfera certa.

A actriz Maggie Cheung usa 46 cheongsams (qipaos) diferentes ao longo do filme, concebidos para refletir mudanças subtis nas emoções da sua personagem. O coprotagonista Tony Leung ganhou o prémio de melhor ator em Cannes.

Wong Kar-Wai terá continuado a editar o filme depois do festival, refinando-o para o lançamento nos cinemas e foi, ainda, filmado um final alternativo – um romance mais explícito entre os dois personagens principais – descartado, depois, para manter o tom contido e melancólico do filme. Algumas cenas cortadas sugeriam que a personagem interpretada por Maggie Cheung estava grávida. O filme 2046, de 2004, pode ser visto como uma possível continuação do filme Disponível para Amar, e que completa, assim, juntamente com o filme Dias Selvagens, a "Trilogia do Amor" de Wong Kar-Wai.

Wong Kar-Wai tencionava usar apenas músicas de Nat King Cole, decidindo utilizar, posteriormente, o tema “Yumeji”, de Shigeru Umebayashi, para criar um ambiente idílico e nostálgico.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre. 

Até terça!


quarta-feira, 19 de março de 2025

Felizes Juntos (1997) de Wong Kar-Wai



por Catarina Bernardo
 
Um filme sobre solidão, desejo e identidade, que reflete a impossibilidade de certos amores e a busca por um recomeço. Felizes Juntos (1997) transporta-nos para as ruas de Buenos Aires onde conhecemos Lai Yiu-Fai (interpretado por Tony Leung Chiu-Wai, um nome bastante conhecido nas obras de Wong Kar-Wai) e Ho Po-Wing (Leslei Cheung), um casal que vivia em Hong-Kong, mas que decide viajar para a Argentina em busca de um recomeço. Cedo percebemos que a relação na verdade é marcada por um ciclo tóxico de paixão, separações e reconciliações. Presos naquele ambiente estrangeiro, Lai trabalha em diversos empregos numa procura de estabilidade e de uma vida melhor. Já Ho, o mais impulsivo da relação, vive a vida de forma irresponsável, procurando Lai quando este se encontra vulnerável, tornando a relação desgastante.
 
Através de uma atmosfera visual vibrante e ao mesmo tempo melancólica, Christopher Doyle cria uma estética visual bastante distinta. A oscilação entre o preto e o branco e as cores vibrantes conseguem criar um contraste entre momentos de infelicidade ou de felicidade intensa. A saturação do amarelo e do verde transmitem uma sensação de calor e desejo, mas ao mesmo tempo de desinteresse e solidão. Os movimentos de câmara bruscos e instáveis ajudam a reforçar a agitação emocional dos personagens.
 
Sendo o filme maioritariamente filmado na Argentina, transmite uma sensação de deslocamento nos personagens, que são imigrantes de Hong Kong. As condições em que vivem, o espaço claustrofóbico e sujo do pequeno apartamento que partilham simboliza a decadência da relação, enquanto as paisagens da Argentina transmitem a sensação de liberdade e mudança.
 
Com o filme Felizes Juntos, Wong Kar-Wai recebeu o prémio de melhor realizador no Festival de Cannes e tornando-se um dos realizadores mais inovadores do cinema contemporâneo. Felizes Juntos foi inovador no cinema asiático por retratar um relacionamento entre dois homens de uma forma natural e emocionalmente complexa. O filme teve um grande impacto na visibilidade da Comunidade LGBTQ+ em Hong Kong e noutros países asiáticos, onde a homossexualidade enfrentava uma forte repressão.
 
Quase trinta anos depois, este filme continua a ser um símbolo importante para a comunidade, especialmente em Hong Kong e Taiwan, onde teve grande influência. 
 
 
 

sábado, 15 de março de 2025

388ª sessão: dia 18 de Março (Terça-Feira), às 21h30

Felizes Juntos, de Wong Kar-Wai, nesta terça-feira no Lucky Star – Cineclube de Braga
 
Encerrado o ciclo de fevereiro dedicado ao cinema japonês, o Lucky Star – Cineclube de Braga preparou um novo ciclo focado no cinema asiático. Para o mês de março de 2025 foi programado um conjunto de filmes do realizador chinês Wong Kar-Wai. Assim, escolheram-se quatro filmes para constituir uma pequena retrospectiva deste emblemático realizador. Como habitualmente as sessões ocorrerão às terças-feiras no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.

Esta terça-feira, 18 de Março, o ciclo prossegue com o filme Felizes Juntos de 1997. Obra emblemática do realizador por quebrar tabus, devido à representação de uma relação homossexual de maneira complexa e sensível. A narrativa do filme é baseada no romance “The Buenos Aires Affair” do escritor argentino Manuel Puig, conhecido por explorar temas relacionados à sexualidade e marginalização.
 
A inconfundível cinematografia de Christopher Doyle com composições assimétricas e cores fortes, traz intensidade e uma profundidade melancólica à estória. O director de fotografia recorreu a várias câmaras portáteis para transmitir a sensação de instabilidade do relacionamento dos protagonistas.

O título original em chinês "Chun Gwong Cha Sit", que pode ser traduzido como "A luz esplêndida continua fluindo", alude à poesia e à sensualidade, enquanto o título em inglês, "Happy Together", é uma referência à canção homónima da banda The Turtles, readaptada por Danny Chung para fazer parte da banda sonora do filme. Felizes Juntos valeu a Wong Kar-Wai o prémio de “melhor diretor” no Festival de Cannes, em 1997. O filme é, ainda, considerado uma obra de referência do “Cinema Queer”.
 
Felizes Juntos, tido como uma obra-prima de Wong Kar-Wai, mergulha nas ruas agitadas de Buenos Aires, onde dois amantes enfrentam as marés que oscilam entre amor e desconexão. Num turbilhão de emoções, eles lutam para encontrar sentido na sua relação complexa, navegando pelas profundezas da paixão e da solidão. Entre encontros ardentes e despedidas dolorosas, o filme leva-nos numa jornada emocionalmente intensa, onde a esperança e a melancolia se entrelaçam num abraço eterno.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.

Até terça-feira!

quarta-feira, 12 de março de 2025

Anjos Caídos (1995) de Wong Kar-Wai


por Estela Cosme

O néon está em todo lado na Hong Kong de Anjos Caídos. As cores vivas da atmosfera poluem o ecrã de forma incessante. São muito poucos os sítios em que o verde, o amarelo ou o vermelho nos fogem do olhar, de tal forma que nem notamos que todas as cenas ocorrem durante a noite, como se tudo acontecesse numa madrugada contínua. Mas as cores só se destacam graças ao contraste com o preto das sombras, pois é nos lugares sombrios que as personagens de Wong Kar-Wai se cruzam.

A dualidade das cores só intensifica os dilemas das personagens que encontramos: o assassino que pensa em reformar-se, a sua parceira apaixonada, o criminoso mudo que vende gelados, a sua amante tagarela, a prostituta que se atrai pelo assassino. A câmara mostra-nos close-ups de todas estas personagens em busca de conexão humana nesta cidade noturna, à procura de uma ligação que finalmente enriqueça as suas vidas. Todas elas procuram alguém que fale a sua linguagem ("Speak my language", repete a canção a tocar na jukebox).

Há um sentimento de urgência em todas estas personagens que deambulam pela noite, à procura de uma mudança que ainda não lhes é evidente. O filme foi lançado em 1995 e Hong Kong estaria a preparar-se para a sua transferência territorial para a China em 1997. Isto evidencia personagens marcadas por um presente incerto com ânsias de uma época na qual só o contacto humano pode trazer algum alívio.

 Estamos em plenos anos 90 do último século, onde os objetos materiais são uma tentativa para trazer algum conforto no dia a dia, com tecnologia que agora nos evoca uma grande nostalgia: uma jukebox de CDS, telefones com corda fixados à parede, uma carrinha de vender gelados, uma mini TV, uma câmara de filmar, até secadores de cabelo para as permanentes de outros tempos. Mas tudo são distrações para o que as personagens procuram. Até mesmo para o criminoso que apenas pode relembrar o seu pai, através do vidro de uma televisão, o sabor dos seus cozinhados perdidos à memória.

Este filme foi criado a partir de ideias já pensadas por Kar-Wai para Chungking Express (1994). Aliás, o realizador defendeu que ambos os filmes deveriam ser vistos como um só. No entanto, a realidade de ambos os filmes é bem diferente. Enquanto em Chungking Express a personagem com o número 225 é um polícia, em Anjos Caídos é um criminoso (as personagens são ambas interpretadas pelo mesmo ator, Takeshi Kaneshiro, e são marcadas por infortúnios relacionados com ananás). No filme de 1994, as relações são marcadas pela luz do dia, mas acabam durante a noite. Em Anjos Caídos, elas fazem-se e desfazem-se sob as lâmpadas noturnas. A sensação de otimismo é bem mais forte em "Chungking" e em "Anjos" parece bem mais fatalista, embora em ambos não haja garantias que as relações funcionem. Mesmo assim, as procuras de ligações interpessoais dominam as preocupações das personagens. Infelizmente, elas acabam por ser todas temporárias.

A criação de laços no meio urbano é uma preocupação da nossa contemporaneidade e Wong Kar-Wai apresenta-o de forma visual e emocionalmente potente, sem véus que tapem as frustrações e solidões que as acompanham. Mas também mostra que há momentos em que são possíveis e que podem existir, nem que seja momentaneamente. Na última cena, finalmente, vemos um tom azulado que anuncia o raiar do dia. O zumbido do néon desaparece e apercebemo-nos que nem todas as conexões são duradouras, mas todas elas são eletrizantes.

 

 Folha de Sala

sábado, 8 de março de 2025

387ª sessão: dia 11 de Março (Terça-Feira), às 21h30


Anjos Caídos de Wong Kar-Wai na próxima terça-feira
 
Encerrado o ciclo de fevereiro dedicado ao cinema japonês, o Lucky Star – Cineclube de Braga preparou um novo ciclo focado no cinema asiático. Para o mês de março de 2025 foi programado um conjunto de filmes do realizador chinês Wong Kar-Wai. Assim, escolheram-se quatro filmes para constituir uma pequena retrospectiva deste emblemático realizador. Como habitualmente as sessões ocorrerão às terças-feiras no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.

Esta terça-feira, 11 de Março, o ciclo prossegue com o filme Anjos Caídos de 1995. Com uma estética visual arrojada, com a habitual cinematografia de Christopher Doyle, e uma narrativa não linear, o filme captura a essência da solidão urbana e o anseio universal pela conexão humana

Inicialmente, a estória pensada para Anjos Caídos iria ser parte integrante do filme Chungking Express (1994). Filme, o qual, foi exibido na semana passada. Contudo, o desenvolvimento e expansão do enredo de Anjos Caídos favoreceu a produção de um segundo filme que lhe seria inteiramente dedicado, tornando-se uma referência importante na filmografia de Wong Kar-Wai.

Em Anjos Caídos, um assassino profissional, atraído pela sua parceira durante o seu último serviço, questiona-se sobre um possível envolvimento amoroso com esta. Durante esta jornada introspectiva, pelas ruas de Hong Kong, encontra um jovem ladrão, He Zhiwu, que ficou mudo depois de ter ingerido ananás enlatado fora de validade. He Zhiwu é também uma referência ao filme Chungking Express, sendo também uma das personagens do filme. Com o mesmo nome e interpretada pelo mesmo actor, a personagem é igualmente obcecada pela validade das latas de ananás, as quais acabaria por ingerir depois de uma desilusão amorosa.  No entanto, em Chungking Express, He Zhiwu é um detective e em “Anjos Caídos”, é um criminoso.

Anjos Caídos, dirigido por Wong Kar-Wai, mergulha nas vidas solitárias e marginais das ruas de Hong Kong, explorando as jornadas emocionais de personagens que vagueiam pelas sombras da cidade. No meio do caos e a beleza das ruas, o filme Anjos Caídos oferece uma visão cativante e poética da condição humana e seus dilemas.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre. 

Até terça-feira !
 


quarta-feira, 5 de março de 2025

Chungking Express (1994) de Wong Kar-Wai






 Por Rute Castro

Wong Kar-Wai, nascido em 1958, consagra-se como um dos realizadores mais originais e admirados do cinema contemporâneo, destacando-se pela sua abordagem intimista e sensorial que rompe com as convenções narrativas lineares. Em Chungking Express, o diretor transforma a realidade urbana de Hong Kong num mosaico visual onde o efémero se converte em poesia.

Importa sublinhar que o título original, que serve como metáfora para descrever Hong Kong como uma “selva de concreto”, enfatiza o paradoxo de uma metrópole densamente povoada, onde, apesar da proximidade física, muitos vivem isolados em mundos interiores particulares.

O estilo de Wong Kar-Wai é marcado pela fusão do rigor formal com uma liberdade expressiva singular. O seu uso inovador das cores, dos enquadramentos e da montagem cria composições que transcendem o tempo e o espaço, convidando o espectador a uma experiência quase meditativa. O realizador explora de forma brilhante a dualidade entre o caos urbano e a solidão pessoal, transformando cada cena num manifesto visual que reflete as contradições da modernidade.

Em Chungking Express, a fragmentação da narrativa é empregue como um recurso para intensificar a subjetividade das emoções, permitindo que a narrativa se construa através de momentos, gestos e olhares, mais do que através de diálogos ou enredos tradicionais. Esta abordagem desafia o espectador a interpretar e a completar a história com base nas sensações evocadas por cada imagem, o que confere ao filme um caráter profundamente pessoal e intimista.

A importância deste filme no panorama mundial deve-se, em grande parte, à capacidade de Wong Kar-Wai de reinventar a linguagem cinematográfica. A sua visão estética, aliada a uma sensibilidade única, revolucionou a forma de contar histórias no cinema, posicionando-o como referência incontornável entre os realizadores contemporâneos. A influência de Chungking Express estende-se para além dos limites do cinema asiático, tendo impactado gerações de cineastas e contribuído para a difusão de novas tendências narrativas e visuais. Este filme não só redefiniu os parâmetros do cinema urbano, mas também se inscreveu como um estudo profundo sobre a natureza efémera das relações humanas e sobre a constante busca de significado num mundo moderno e acelerado.

Wong Kar-Wai demonstra, com este trabalho, a sua maestria em transformar o ordinário em extraordinário. A sua capacidade de capturar momentos fugazes e de imbuí-los de uma beleza melancólica e reflexiva, distinguindo-o como um dos melhores realizadores do mundo contemporâneo. O seu trabalho evidencia uma constante experimentação e uma ousadia estética que o fazem sobressair, sendo Chungking Express um marco irreverente que continua a influenciar e a inspirar o cinema global.

A banda sonora de Chungking Express é tão emblemática como o próprio filme. Na primeira história, a música principal é “Things in Life”, de Dennis Brown, que cria uma atmosfera nostálgica e melancólica. A canção “Baroque”, de Michael Galasso, aparece em momentos chave, complementada por outras faixas instrumentais – “Fornication in Space”, “Heartbreak” e “Sweet Farewell” – que reforçam a sensação de efemeridade e introspeção. Na segunda história, “California Dreamin’”, dos The Mamas & the Papas, assume um papel central, sublinhando os conflitos internos da personagem Faye Wong, que ainda interpreta uma versão de “Dreams” dos The Cranberries, usada também nos créditos finais. Este conjunto musical teve um papel decisivo na introdução do dream pop no mercado de Hong Kong, influenciando não só o panorama musical local, mas também a evolução do Canto-pop.

Resposta crítica e legado: O impacto de Chungking Express na crítica e no público tem sido profundo. O conceituado crítico Roger Ebert classificou o filme com três de quatro estrelas, assinalando que a obra se revela sobretudo para os verdadeiros amantes do cinema, que se deixam envolver pelo estilo singular de Wong Kar-Wai, mesmo que a narrativa não seja convencional. Por outro lado, Janet Maslin, do The New York Times, criticou a energia quase “MTV” do filme, argumentando que o excêntrico comportamento dos personagens, por vezes, beira o exagero. Contudo, tais críticas apenas sublinham a natureza cerebral e desafiante da obra, que, através da sua estética inovadora, convida o espectador a uma reflexão profunda sobre a essência da sétima arte. A influência de Chungking Express estende-se, ainda, aos rankings internacionais – desde uma posição de destaque em sondagens realizadas pelo British Film Institute até à inclusão na lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos da revista Time –, confirmando o seu legado duradouro e a sua importância crucial para o cinema mundial

 

 Folha de Sala

domingo, 2 de março de 2025

386ª sessão: dia 4 de Março (Terça-Feira), às 21h30


Viagem alucinante com Chungking Express de Wong Kar-Wai na próxima terça-feira
 
Encerrado o ciclo de fevereiro dedicado ao cinema japonês, o Lucky Star – Cineclube de Braga preparou um novo ciclo focado no cinema asiático. Para o mês de março de 2025 foi programado um conjunto de filmes do realizador chinês Wong Kar-Wai. Assim, escolheram-se quatro filmes para constituir uma pequena retrospectiva deste emblemático realizador. Como habitualmente as sessões ocorrerão às terças-feiras no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.
 
Esta terça-feira, 4 de Março, o ciclo arranca com o filme “Chungking Express” (1994). Esta obra-prima de Wong Kar-wai, é uma imersão emocional nas intrincadas camadas da vida urbana de Hong Kong.
 
Este filme apresenta duas histórias entrelaçadas de amor, solidão e autodescoberta, ambientadas nas agitadas ruas da cidade. Com personagens complexas e uma trilha sonora evocativa, "Chungking Express" convida-nos a refletir sobre a natureza efémera da vida e as nuances emocionais que permeiam as nossas experiências quotidianas.

Wong Kar-Wai, nascido em Xangai, cresceu em Hong-Kong onde realizou a maior parte dos seus filmes, inspirando-se nas ruas movimentadas da vida urbana para criar uma estética única. “Chungking Express” foi produzido de forma bastante improvisada, o realizador escrevia as cenas no dia anterior ou na manhã das filmagens.
 
O filme originalmente pretendia representar três histórias separadas que tinham as ruas de Hong-Kong como cenário comum, mas uma delas acabou por ganhar vida própria. O realizador optou por retirar a história de “Chungking Express” para a usar na obra seguinte “Anjos Caídos” (1995). Filme, o qual, será exibido no dia 11 de março.

Chungking Express foi produzido em apenas três meses, apesar das várias improvisações e regravações de última hora durante a pós-produção do filme. Filme, o qual, foi finalizado e lançado no mesmo ano que “Cinzas do Passado”, em 1994.

Graças ao filme “Chungking Express”, Wong Kar-Wai obteve reconhecimento internacional na Europa e nos Estados Unidos. O filme obteve algumas premiações, inclusive do “Hong-Kong Film Awards”, nomeadamente o de melhor cinematografia, melhor realizador e melhor ator.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre. 

Até Terça!