domingo, 5 de outubro de 2025

417ª sessão: dia 7 de Outubro (Terça-Feira), às 21h30


Esta terça, “Porto da Minha Infância” de Manoel de Oliveira no Lucky Star – Cineclube de Braga e os Encontros da Imagem

De 23 de setembro até ao final de outubro, o Lucky Star – Cineclube de Braga apresenta, em parceria com os Encontros da Imagem, um ciclo de oito filmes com sessões às terças-feiras na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva. Sob o tema Manifestação de Interesse, a edição de 2025 abre espaço à diversidade de linguagens visuais, explorando as transformações sociais, a memória e noções de identidade. Neste espírito, o cineclube junta-se ao programa com uma seleção que dialoga diretamente com a proposta do festival. 

Na próxima terça-feira, 7 de outubro, exibe-se Porto da Minha Infância, de Manoel de Oliveira. Neste filme, o cineasta regressa às ruas, sons e memórias da sua juventude, compondo um retrato poético da cidade que marcou a sua vida e obra. Misturando imagens de arquivo, encenações e narrativas em voz off, Oliveira transforma o Porto em personagem central, num gesto íntimo de reencontro com o passado e de revisitação da memória através do cinema. 

Manoel de Oliveira, conhecido por um formalismo estético próprio, foi uma figura ímpar no cinema português e internacional, cuja carreira se estendeu por mais de oito décadas, desde os tempos do cinema mudo até ao século XXI. Autor de uma das filmografias mais extensas e singulares do cinema mundial, Manoel de Oliveira assinou obras emblemáticas como Aniki-Bóbó (1942), Acto da Primavera (1963), Amor de Perdição (1979), Francisca (1981), Vale Abraão (1993) ou O Quinto Império (2004). As suas obras centram-se em adaptações literárias, ensaios filosóficos e representações da História e da memória. Explorando o tempo e a palavra, Manoel de Oliveira construiu um universo cinematográfico que atravessa quase um século de história do cinema português.

Porto da Minha Infância estreou no Festival de Veneza em 2001, onde foi premiado, e foi exibido em prestigiados festivais. O elenco inclui Manoel de Oliveira a narrar, bem como Jorge Trêpa e Ricardo Trêpa a interpretar versões da sua juventude e conta com as participações especiais de Agustina Bessa-Luís, Maria de Medeiros, Leonor Silveira, Leonor Baldaque, José Wallenstein e Rogério Samora.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.
 
Até terça! 

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

A Savana e a Montanha (2024) de Paulo Carneiro



por António Cruz Mendes
 
Nesta sessão do Cineclube, estamos perante uma obra de cinema feita com a intensão de impedir uma obra de engenharia. Trata-se, pois, de “cinema militante” e, como tal, a sua apreciação não pode deixar de ser política.
 
Como citadino impenitente, alguém que dificilmente se imagina a viver em Covas do Barroso, tenho que começar por manifestar a minha relutância a respeito de possíveis concepções idealizadas da vida naquelas paragens. Porém, não creio que Paulo Carneiro, que já tinha situado na região de Boticas o seu primeiro filme, Bostofrio (2019), caia nessa tentação. Aquilo que as suas imagens nos revelam não é apenas a beleza das suas serras, ameaçada pela perspectiva da abertura de minas de lítio a céu aberto, mas também a pobreza e o abandono a que se encontram votadas as suas gentes.
 
E nisso se resume o paradoxo do nosso tempo, onde o “progresso” convive com a miséria e os grandes avanços tecnológicos que permitiram a acumulação de uma imensa riqueza nas mãos de alguns, não libertaram muitos mais de uma existência penosa e medíocre. É a consciência dessa desigualdade que encontramos na população de Covas do Barroso. Quem ganha e quem perde com a exploração mineira? Habituados ao esquecimento, é com desconfiança que as pessoas que aí vivem reagem às promessas de mais emprego, zonas de lazer e protecção ambiental. Ouvimo-las dizer que “o lítio vai servir para produzir baterias para os carros dos ricos” e que aqueles que se propõem explorar as minas, “um dia, vão-se embora e deixam-nos os buracos”. É difícil não lhes dar razão. Afinal, é a sua sobrevivência como comunidade com uma identidade própria que está em causa. Em nome de quem pode ser ela sacrificada?
 
O filme de Paulo Carneiro balança entre o documentário e a ficção. Embora protagonizado pela população local, não hesitando quando se trata de nos revelar as condições em que vive e dando-nos conta das conversas e reuniões onde se fala do seu futuro, encena a sua luta recorrendo ao imaginário dos westerns. As imagens das procissões onde se invoca a protecção divina, alternam com desfiles de inspiração carnavalesca onde as gentes do Barroso se reinventam numa trupe de cowboys se prepara para defender a sua causa.
 
Essa ideia, informa-nos Paulo Carneiro, partiu dos próprios residentes. Numa manifestação de evidente ironia, foi essa a forma que engendraram, assumidamente lúdica e caricatural, de dar corpo à sua oposição a processos que vão conhecendo sobretudo pelas notícias que lhes chegam através da comunicação social. De resto, não há lugar para tiros. Não há sobre quem disparar porque os seus inimigos são invisíveis. Ninguém sabe quem se esconde sob o nome de Savannah Resources e que influências detêm sobre aqueles que, no governo, vão decidir sobre o futuro das suas terras. Aliás, nem isso é o mais importante. A fome insaciável de lucros, aquilo que rege a nossa vida económica, só se satisfaz com uma produção e consumo massivos de bens de duvidosa utilidade. O que faz, portanto, sentido não é garantir a prevalência do transporte público, mas sim promover o aumento da produção de carros eléctricos. E, face a isto, a classificação das terras agrícolas do Barroso como “Património da Humanidade” vale muito pouco.
 
E, no entanto, a população de Covas não desiste e diz-nos, como na canção de Carlos Libo, um cantautor local até então desconhecido, “junta-te à luta, vamos vencer”. 
 
 

domingo, 28 de setembro de 2025

416ª sessão: dia 30 de Setembro (Terça-Feira), às 21h30

Esta terça, o Lucky Star – Cineclube de Braga e os Encontros da Imagem apresentam um western transmontano

De 23 de setembro até ao final de outubro, o Lucky Star – Cineclube de Braga apresenta, em parceria com os Encontros da Imagem, um ciclo de oito filmes com sessões às terças-feiras na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva. Sob o tema Manifestação de Interesse, a edição de 2025 abre espaço à diversidade de linguagens visuais, explorando as transformações sociais, a memória e noções de identidade. Neste espírito, o cineclube junta-se ao programa com uma seleção que dialoga diretamente com a proposta do festival.

Na próxima terça, 30 de setembro, exibe-se o filme A Savana e a Montanha realizado por Paulo Carneiro. O filme retrata uma comunidade ameaçada pela maior mina de lítio da Europa, em Covas do Barroso, no coração de Trás-os-Montes, onde os habitantes locais transformam a resistência num irreverente faroeste musical e num manifesto cinematográfico em defesa do património cultural e ambiental.

Rodado entre 2020 e 2023, o projeto mistura documentário e ficção. Os habitantes surgem como actores e protagonistas de uma história que, embora ancorada em factos reais, recorre a diálogos encenados e a uma construção formal próxima do western, para interpretar a sua luta.

Produzido sem financiamento do Instituto do Cinema e do Audiovisual, o filme teve o apoio da Câmara Municipal de Boticas e da Agência de Cinema e Audiovisual do Uruguai. Esta independência refletiu-se numa obra livre e híbrida, onde a paisagem transmontana assume um papel central, funcionando tanto como cenário natural quanto como metáfora de resistência.

A estreia mundial deu-se na Quinzena dos Realizadores, secção paralela do Festival de Cannes de 2024. O filme tem percorrido um circuito de festivais internacionais, incluindo Hamburgo, Valladolid, Atenas, Buenos Aires e São Paulo, além da apresentação nacional no MDOC – Festival Internacional de Documentário de Melgaço.

A Savana e a Montanha conquistou, ainda, o Prémio RTP para Melhor Projeto em Fase de Montagem nos Arché Awards do DocLisboa. Mais recentemente, arrecadou dois galardões na Coreia do Sul, no Blue Planet Future Film Festival, em Busan: o Prémio do Público e o Grande Prémio.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.

Até terça-feira!


quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Lúa Vermella (2020) de Lois Patiño

A edição de 2025 dos Encontros da Imagem, sob o tema Manifestação de Interesse, convida-nos a pensar o lugar das artes visuais no presente. Esta edição é o manifesto vivo da marca que o festival imprimiu na fotografia — em Portugal e além — propondo, assim, uma reflexão sobre o caminho percorrido. Nesta edição é possível contemplar as artes visuais nas suas múltiplas formas, contextos e usos; explorar as suas dissidências e acompanhar as transições, as mudanças e metamorfoses que o tempo lhes impôs, olhando para a história do festival como a própria história da fotografia e das demais artes visuais que dela derivam ou com ela se relacionam e comunicam. Embora ancorado na fotografia, o programa expande-se a territórios vizinhos — cinema, performance e vídeo-arte — que alargam e desafiam os seus limites. Em 2025, entre setembro e o final de outubro, a programação desenha-se em três percursos — Dissidências, Argumentários e Transições. Cada um propõe uma abordagem singular ao tema anual, fomentando cruzamentos e cumplicidades. Do elogio à diversidade e à experimentação, à revisitação da memória e das noções de identidade, esta edição desemboca na descoberta de afinidades locais e narrativas plurais. Imerso neste espírito o Lucky Star – Cineclube de Braga propõe um ciclo de cinema que vai ao encontro da proposta dos Encontros da Imagem para 2025.
 
O ciclo desdobra-se em três movimentos, cada um composto por duas sessões de cinema. No primeiro apresentam-se obras recentes que fazem do cinema espaço de desvio e insurgência, tanto ao nível dos seus propósitos como das suas dimensões formais e narrativas. Inserido sob o título Dissidências, este momento reúne Lúa Vermella, do cineasta galego Lois Patiño, e A Savana e a Montanha, de Paulo Carneiro. Apesar da divergência estilística evidente, ambos os filmes partilham temas comuns e uma mesma conceção do cinema como dispositivo de enunciação crítica, articulando o sensível e o político numa relação de mútua implicação. Em ambos existe uma originalidade própria na forma como abordam problemáticas actuais. Os dois filmes envolveram, na sua produção, as comunidades das regiões onde decorre a ação — a Costa da Morte, na Galiza, e Covas do Barroso, no norte de Portugal — e centram-se, cada qual à sua maneira, nas tradições, na cultura local e no património paisagístico. Estes elementos funcionam como marca de continuidade, mas revelam-se igualmente vulneráveis à perda e à transformação, em permanente relação com o meio envolvente, ou seja, com a natureza (também ela em perigo), onde a morte se inscreve como ameaça constante ou como assombração.
 
Em Lúa Vermella, Lois Patiño esculpe o tempo na imagem até lhe sentirmos o peso (Deleuze,1985; Tarkovsky, 1986). A fotografia é evidente na imagem congelada, onde a suspensão temporal faz convergir passado e futuro, sugerindo uma perceção liminar do princípio e do fim do mundo. A inspiração na pintura também é notável, por exemplo, no plano de imagem de duas agricultoras que mimetiza a pintura L’Angélus de Jean-François Millet (comparar com o still do filme desta folha de sala). O espectador é confrontado com grandes planos de paisagens que impõem uma atenção demorada em cada detalhe da imagem, até que dela se desprenda um possível significado. Nesse processo, emerge o peso da insignificância humana diante dos mistérios e da imponência do mundo natural, restando apenas a tradição oral galega — os seus mitos, lendas e crenças — como guia incerto para nos orientar e, por fim, para nos reconciliar com o naufrágio inevitável.
 
De acordo com o dossier de imprensa, o filme inspira-se na história verídica de Rubio de Camelle, “um mergulhador que resgatou mais de 40 corpos de náufragos perdidos no mar”. Contudo, na narrativa é Rubio que desaparece misteriosamente, presumivelmente levado pelas águas do mar, na Costa da Morte, evento que suspende a ação, apenas compreensível à luz da sabedoria popular antiga, entrelaçando-se, assim, o enigma com as criaturas que habitam o imaginário galego.
 
Esta atmosfera mítica criada por Lois Patiño evidencia não apenas a influência visual do pintor galego Urbano Lugrís, com as suas representações oníricas do mar e das suas criaturas, mas também a dimensão literária de Álvaro Cunqueiro, também ele galego. A célebre máxima do escritor: “O oceano é um animal que respira duas vezes por dia”, atravessa o filme como uma chave interpretativa, remetendo para a ideia do mar enquanto organismo vivo e insondável e, por conseguinte, para a própria natureza, sua imponência e força esmagadora sobre o ser humano (vida/morte). Esta dupla influência, plástica e literária, confere à obra uma densidade simbólica que aproxima o discurso cinematográfico de uma leitura cultural e estética profundamente enraizada no imaginário galego.
 
Os atores não profissionais (habitantes dos lugares onde a ação se desenrola) apresentam-se como “modelos”, no sentido “bressoniano” do termo (Robert Bresson): a figura humana é tratada como matéria plástica, à semelhança da luz, do som ou do espaço, inclusos num tempo lento, esmagador e mortífero. Esses modelos surgem imobilizados ou paralisados dentro dos planos, integrados numa composição cuidadosamente construída. Ao mesmo tempo, aparecem como seres da natureza, submetidos à sua força imponente e inelutável. São, portanto, dedutíveis, como se evidencia nos grandes planos das paisagens galegas. Estas figuras humanas, quase como “mortos-vivos”, parecem anunciar a morte: estaremos perante um mundo já passado, já consumado e consumido, irremediavelmente condenado à extinção?
 
Nesta dialética entre a desertificação, o desaparecimento de uma cultura e o esgotamento da própria natureza em prol do desenvolvimento híper-técnico-industrial, estabelece-se uma relação com a capacidade do cinema, à semelhança da fotografia, de mortificar o presente em “isso foi” de que falava Roland Barthes em A Câmara Clara.
 
Lúa Vermella constrói-se como uma elegia visual, onde o humano, a natureza e a cultura se fundem num mesmo horizonte de perda. Mais do que registar um tempo ou um lugar, o filme convoca o espectador a contemplar, a interpretar e a habitar a suspensão de um presente que já se anuncia passado.
 
Na próxima sessão, o filme A Savana e a Montanha retoma os mesmos temas, explorando diferentes géneros cinematográficos, como o western. Aqui, porém, a utopia ainda persiste no imaginário da população local e a luta permanece possível. A obra recorre ao cinema como manifesto e instrumento de protesto contra a exploração de lítio em Covas do Barroso, defendendo simultaneamente o património cultural (material e imaterial) e o meio ambiente. 
 
 
Referências Bibliográficas:

Barthes, R. (1984). A câmara clara: Nota sobre a fotografia (J. C. Guimarães, Trad., 9ª ed.). Editora Nova Fronteira. (Obra original publicada em 1980)

Deleuze, G. (1985). A imagem-tempo. Editora Brasiliense

Tarkovsky, A. (1986). Sculpting in time: Reflections on the cinema (K. Hunter, Trad.). University of Texas Press.

 

Folha de Sala 

domingo, 21 de setembro de 2025

415ª sessão: dia 23 de Setembro (Terça-Feira), às 21h30


Em setembro e outubro, o cinema é Manifestação de Interesse 

De 23 de setembro até ao final de outubro, o Lucky Star – Cineclube de Braga apresenta, em parceria com os Encontros da Imagem, um ciclo de oito filmes com sessões às terças-feiras na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva. Sob o tema Manifestação de Interesse, a edição de 2025 abre espaço à diversidade de linguagens visuais, explorando as transformações sociais, a memória e noções de identidade. Neste espírito, o cineclube junta-se ao programa com uma seleção que dialoga diretamente com a proposta do festival.

No dia 23 de setembro, inicia-se o ciclo com Lúa Vermella, de Lois Patiño, um filme que, entre a vídeo-arte e o género sci-fi, nos transporta para uma aldeia galega suspensa no tempo, onde lendas, fantasmas e o mar se cruzam num cinema hipnótico que funde mito e realidade.
 
A 30 de setembro exibe-se A Savana e a Montanha realizado por Paulo Carneiro. O filme retrata uma comunidade ameaçada pela maior mina de lítio da Europa, em Covas do Barroso, onde os habitantes transformam a resistência num irreverente faroeste musical.

No dia 7 de outubro é a vez de Porto da Minha Infância, regresso de Manoel de Oliveira às memórias da sua juventude, num retrato poético em que a cidade se confunde com a própria vida e obra do cineasta.

A 15 de outubro, presta-se homenagem ao cinema com João Bénard da Costa: Outros Amarão as Coisas que Eu Amei, filme de Manuel Mozos que evoca a figura central da cinefilia portuguesa num ensaio sobre memória, dedicação e amor absoluto pelo cinema.

No dia 21, serão exibidos dois filmes: KORA, de Cláudia Varejão, que traça um retrato sensorial das experiências de mulheres migrantes e refugiadas, refletindo sobre identidade e pertença, seguido por Onde as Ondas Quebram, no qual Inara Chayamiti revisita a memória da comunidade japonesa no Brasil.

Na última semana, encerra-se o ciclo com dois filmes: Tornar-se Um Homem na Idade Média, de Isadora Neves Marques, cuja narrativa reflecte sobre reprodução, família e os limites entre natural e artificial e, por fim, o filme As Fado Bicha, de Justine Lemahieu, no qual se dá voz às identidades LGBTI+ dentro do universo do fado, celebrando diversidade, resistência e liberdade através da música.
 
Assim, o ciclo arranca na próxima terça com o filme de Lois Patiño. Lúa Vermella foca-se numa aldeia remota da costa galega (conhecida como a Costa da Morte), onde o tempo parece ter-se detido: os habitantes encontram-se estáticos, como se enredados num luto interminável. Apenas murmúrios sobre fantasmas, monstros marinhos e a enigmática “lua vermelha” quebram o silêncio. Quando Rubio, um marinheiro, desaparece nas profundezas do oceano, três bruxas descem das montanhas para o resgatar — ou, talvez, despertar forças ancestrais que o mar nunca deveria soltar. Assim, Patiño funde mito e realidade em planos fixos e composições intrincadas, onde o mar, as lendas e o silêncio se tornam matéria de um cinema hipnótico e sensorial.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.

Até terça-feira!


domingo, 14 de setembro de 2025

414ª sessão: dia 16 de Setembro (Terça-Feira), às 21h30 no Museu dos Biscainhos


“Bem-Vindo Mr. Chance” de Hal Ashby, na próxima terça, no jardim do Museu dos Biscainhos

Em setembro, o Lucky Star - Cineclube de Braga regressa com o ciclo “Fora de Portas”, com a sua primeira sessão na próxima terça-feira, 16 de setembro, no jardim do Museu dos Biscainhos. As sessões regulares voltam à Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva na terça-feira, a 23 de setembro, com um ciclo de cinema subordinado às temáticas lançadas pelo festival Encontros da Imagem, sob o mote “Manifestação de Interesse”.

Na próxima terça-feira, dia 16, às 21H30, a rentrée faz-se no Museu dos Biscainhos, com o filme Bem-Vindo Mr. Chance de Hal Ashby, com Peter Sellers no papel principal. Sellers triunfa nesta interpretação clássica como um jardineiro analfabeto que é transportado de forma hilariante para o poder político. Sellers preparou-se intensamente para este papel, experimentando diferentes tons de voz e estilos até decidir por uma representação deliberadamente “em branco” ou neutra, que permitisse à personagem funcionar como uma tela onde os outros projectam expectativas. O filme é ainda co-protagonizado por Shirley MacLaine e o vencedor do Óscar Melvyn Douglas. 

Em Bem-Vindo Mr. Chance, um jardineiro simplório chamado Chance passou toda a sua vida na casa de um idoso em Washington D.C. Quando o homem morre, Chance é colocado na rua sem nenhum conhecimento do mundo, exceto o que aprendeu a ver televisão. Depois de um encontro com uma limusine, ele torna-se hóspede de uma mulher (MacLaine) e seu marido, Ben (Douglas), um empresário influente, mas doente. Agora chamado de Chauncey Gardner, Chance torna-se amigo e confidente de Ben, um improvável membro do círculo político.

A forma como o filme aborda temas como a influência da televisão, a construção de celebridades e o modo como a sociedade se pode deixar enganar pelas aparências tornou-o cada vez mais pertinente, especialmente à medida que as “imagens”, os media e a política se misturam na actualidade. Bem-Vindo, Mr. Chance, convida à reflexão, não só sobre a personagem Chance, mas sobre todos nós.

A sessão de cinema “Fora de Portas” que terá lugar no Palácio dos Biscainhos é gratuita. Tem entrada livre por ordem de chegada (até limite máximo). As sessões regulares do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras, às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.

Até terça!