quinta-feira, 31 de março de 2016

8ª sessão: dia 5 de Abril (Terça-Feira), às 21h30


Obra total e intempestiva, The Fountainhead, realizado em 1949 por King Vidor, é a nossa proposta para a próxima terça-feira, dia 5 de Abril. 

Sobre ele, Mário Jorge Torres escreveu: 

"Metafísica e erotismo, arquitectura e cinema unem-se numa das mais demenciais representações da fúria do desejo: Vontade Indómita / The Fountainhead, de King Vidor. Usando um dos actores mais transparentes de Hollywood, Gary Cooper, subverte o seu poder estelar e coloca-o no centro de uma ficção quase sado-masoquista. No cimo do seu arranha-céus, Cooper não é tanto a imagem do arquitecto que submeteu a cidade mas a manifestação sublime da vontade do homem. Quando na sequência final de The Fountainhead / Vontade Indómita assistimos à ascensão de Patricia Neal num tosco elevador de uma obra, para se juntar a Gary Cooper, visto em fabuloso contrapicado, lá em cima, no topo do mundo, já estamos preparados para quase todos os delírios."

Para apresentar o filme, o Arquitecto José Neves (admirador de Vidor) preparou-nos um vídeo. É aparecer e trazer um amigo.

Deixamos ainda algumas palavras do grande João Bénard da Costa:

"Já tinha mesmo esquecido o livro, quando, uns 15 anos depois, me achei na Cinemateca de Paris, em retrospectiva a Vidor, a ver o filme que, em 1949, King Vidor tinha extraído do best-seller de Mrs. Rand. Como me tinham avisado, não havia na obra as «páginas de doutrina estética» em que a escritora se espraiara. Não havia muitas e diversas mulheres, mas só uma. Não havia finais pungentes, havia happy-end. Mas havia uma paixão «without dignity and without regrets» e havia, numa das mais poderosas imagéticas de que me consigo lembrar, a recapitulação da estrutura do cosmos na estrutura de um corpo (o corpo de Gary Cooper, que na tela interpretou Howard Roark) e a da estrutura do espírito na da obra. E havia a recapitulação da função criadora nos pólos antagónicos e complementares dessa criação. Do mais panteísta dos cineastas, o mais panteísta dos filmes. Grande é a minha paixão por King Vidor (gigante que atravessou toda a história do cinema de 1919 - Better Times - a 1959 - Solomon and Sheba), de todos os cineastas o mais operático e o mais plástico. 

(...) Mas, quanto mais o tempo passa e quanto mais revejo The Fountainhead, mais me convenço que é essa a obra-prima de Vidor, no essencial de tudo o resto. 

(...) Ver The Fountainhead a partir do seu jogo de luzes e sombras, da utilização da profundidade de campo e da distorção dos enquadramentos, é um nunca acabar de surpresas formais que tornam este filme, do ponto de vista plástico, (e King Vidor foi também um dos grandes «pintores» americanos) numa das mais complexas e elaboradas obras alguma vez saídas dos estúdios de Hollywood. 

(...) E nessa entrega - aos pés do fálus - The Fountainhead, o mais dionisíaco dos filmes, atinge o cerne do próprio mito da apoliniedade."

Até Terça!

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