segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Tobis Portuguesa (2010) de Pedro Efe e Manuel Mozos



pelo Núcleo de Toponímia do Departamento de Património Cultural da Câmara Municipal de Lisboa

Tobis, a fábrica do cinema português, numa Rua do Lumiar

A Tobis Portuguesa, desde 1932 instalada no Lumiar, na Quinta das Conchas, também passou a ser um topónimo dessa freguesia da cidade, desde a publicação do Edital municipal de 6 de janeiro de 1993. 

O arruamento onde tinha sede a Tobis Portuguesa, a Praça J da Urbanização da Tobis Portuguesa, passou em 1985 a ter topónimo: Praça Bernardino Machado. Oito depois anos depois foi atribuída a Rua da Tobis Portuguesa, no arruamento que antes era identificado como Rua A à Rua Luís Pastor de Macedo. 

No século XX, a zona da Quinta das Conchas foi a mais utilizada pela então nascente indústria cinematográfica portuguesa. Em 1920 foi nela fundada a Caldevilla Film, que produziu por exemplo, Os Faroleiros (1922) e As Pupilas do Senhor Reitor (1924), ambos de Maurice Mariaud. Doze anos mais tarde, em 1932, a Tobis Portuguesa adquiriu parte da Quinta das Conchas para aí edificar os seus estúdios. Esta companhia cinematográfica nasceu em 3 de junho de 1932, com sede no n.º 141 da Avenida de Liberdade e estúdios em construção na Quinta das Conchas. 

Tobis é acrónimo de Ton-Bild Syndikat (Sindicato do Som e Imagem) e a fábrica do cinema português tinha como nome completo Companhia Portuguesa de Filmes Sonoros Tobis Klangfilm. Foi criada para gerar e apoiar cinema nacional, bem como para garantir uma uniformidade de processos com a Europa, ao nível do som e da imagem, e assim também combater o poderio norte-americano na indústria cinematográfica. A empresa contou com um capital inicial de 1 milhão de escudos, dividido em 20.000 ações de cinquenta escudos cada uma, tendo sido inteiramente subscrito.

Nas suas instalações da Quinta das Conchas foi criado o 1º estúdio de cinema sonoro em Portugal e produzidos alguns dos mais emblemáticos filmes portugueses das décadas de 30, 40 e 50 do século XX, com inesquecíveis atores como António Silva, Vasco Santana, Ribeirinho ou Beatriz Costa, sendo de salientar, por ordem cronológica, os seguintes filmes produzidos pela Tobis cujos direitos são propriedade sua (o chamado Catálogo Tobis): A Canção de Lisboa (1933) de Cottinelli Telmo; As Pupilas do Senhor Reitor (1935), Varanda dos Rouxinóis (1939) e Ala-Arriba (1942), de Leitão de Barros; João Ratão (1940) de Jorge Brum do Canto; O Costa do Castelo (1943), A Menina da Rádio (1944), O Leão da Estrela (1945) e O Grande Elias (1950), todos de Artur Duarte, assim como Benilde ou a Virgem-Mãe (1970) de Manoel de Oliveira. O último filme produzido pela Tobis foi A Crónica dos Bons Malandros (1984), realizado por Fernando Lopes. 

O conjunto de instalações da Tobis seguiram o traçado ao Arqtº Jacinto Bettencourt para o edifício do laboratório – o dos serviços administrativos e da revelação das películas cinematográficas – e o do Arqtº Jorge Segurado para o estúdio de filmagens. 

Refira-se ainda que em 1939 a Lisboa Filmes – outra empresa cinematográfica- transfere as suas instalações para a Quinta dos Ulmeiros, também no Lumiar e, em 1955, acaba por se fundir com a Tobis Portuguesa. 

Os cineastas Pedro Efe e Manuel Mozos realizaram em 2010 um documentário sobre esta fábrica do cinema português, intitulado Tobis Portuguesa. 

in «Toponímia de Lisboa», 3 de Dezembro de 2008 (não assinado).

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