domingo, 8 de maio de 2016

13ª sessão: dia 10 de Maio (Terça-Feira), às 21h30


E chegamos a Elia Kazan, James Dean e ao Método do Actors Studio, adaptado do Sistema de Stanislavski e escola decisiva e revolucionária para os actores e para o cinema americano que se segue a East of Eden, no corpo de gigantes como James Dean, Marlon Brando, Montgomery Clift ou Paul Newman.

Sobre o filme e sobre Dean disse Elia Kazan que "penso que ele (Dean) tinha um rosto muito poético, um rosto belo e doloroso. Nos grandes planos, apercebemo-nos dessa tão grande dor. Temos tanta pena dele, quando o vemos em grande plano. Mas também me dei conta que o seu corpo tinha imensas qualidades: era mais expressivo, na liberdade de movimentos, que o de Brando, porque transpirava tensão. Brando é terrivelmente tenso, mas tem uma imensa capacidade de ficar imóvel. Tem movimentos magníficos - Brando é um génio. Mas Dean tinha um corpo muito mais animado de que tirei grande partido nos planos afastados. O cinemascope acentuava a sua pequena estatura. Quando corre no campo de feijões, há essa imensa extensão que Dean atravessa a correr, como uma criança. Gosto muito da cena debaixo da árvore: é um salgueiro cujos ramos pendem, cobrindo Dean e Julie. É um sonho de adolescência: cerrar-se, debaixo da árvore, contra uma rapariga e ficar sozinho no mundo".

Já Jacques Lourcelles diz: "Primeiro dos três filmes com James Dean como protagonista. Adaptado de Steinbeck, é uma variação sobre a história de Abel e Caim, revista e corrigida pela psicanálise e uma nova moral. O ponto de vista adoptado e defendido na história é constantemente o de Caim. Todas as personagens gravitam em torno dele, à excepção de Abram, são responsáveis pelos seus complexos, pelo seu desequilíbrio e por essa sede insatisfeita de amor e de estima que evidenciam a maior parte das suas acções. A investigação psicológica e psicanalítica aqui conduzida não procura nem a objectividade nem o realismo. Ela resulta pelo contrário em que o mundo seja visto através do olhar de uma só personagem cujos sofrimentos, as alternativas de esperança e de desespero geram, como ondas, os movimentos líricos da acção. Aliado ao emprego da cor e do Cinemascope que Kazan utiliza pela primeira vez, este lirismo inaugura uma nova direcção na sua obra, de agora em diante mais aberta à auto-biografia, mais poética e mais liberta das regras da dramaturgia clássica. Kazan valoriza sobretudo os momentos fortes: cenas do aniversário do pai a recusar o presente do seu filho, a cena em que Cal arrasta o seu irmão para o pé da mãe deles. O filme inteiro tende portanto a tornar-se uma sucessão de tensões e de paroxismos no seio de uma trajectória um pouco simplista que elimina da acção as nuances, as transições e as sombras. Mas A Leste do Paraíso ficará sobretudo como um retrato de James Dean como adolescente atormentado, infinitamente sedutor, ainda totalmente mergulhado na infância e a afastar-se para longe, muito longe – a anos luz de distância – da autonomia e da maturidade da idade adulta."

Até terça!

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