quinta-feira, 28 de abril de 2016

12ª sessão: dia 3 de Maio (Terça-Feira), às 21h30


E dia 3 de Maio, o temperamental e apaixonado Sam Peckinpah chega a Braga.

The Deadly Companions, a sua primeira obra, protagonizada por Maureen O'Hara e Brian Keith, continua a ser raríssima de ver em boas condições. 

Mário Fernandes, realizador e o maior conhecedor da obra de Peckinpah em Portugal, trará a sua cópia pessoal e apresentará o filme. 

É uma oportunidade imperdível, até porque escreveu a folha de sala que acompanhará a sessão.

Sam Peckinpah era odiado pelos grandes realizadores da Hollywood clássica, como John Ford e Howard Hawks, que lhe censuravam a violência e a câmara-lenta. Mas encontrou admiradores em Samuel Fuller e André De Toth, que realizou alguns episódios de The Westerner, a série criada e produzida por Peckinpah.

Samuel Fuller escreveu mesmo sobre Ballad of Cable Hogue, o sexto filme de Peckinpah, dizendo que "The strange mournful sound of the changing West and of the lone desert rat’s fist of sand fighting against all odds, is mirrored in dry tears of humor: bearded, body broken but spirit still soaring, the bedridden Hogue under an open sky listening to his own funeral sermon coming from the cracked lips of gaunt Joshua, a scabrous, libertine preacher brilliantly played by David Warner. The character of this hypocritical preacher is right out of Moliere’s Tartuffe but Peckinpah evades the familiar and guides his preacher to originality. In one of the best and funniest scenes in the film, the preacher’s macabre gift of using God as a procurer to lure to bed the grief-stricken young lady explodes with captivating honesty. Peckinpah strikes home to the heart the falsity of God’s roving cactus messenger with reversible collar. In this scene the preacher’s determination to mount the girl, mournfully and gently played by Susan O’Connell, is as meaningful as Cable Hogue’s determination to make his watery El Dorado a grim reality."

Quanto a The Deadly Companions, que não era dos preferidos do seu autor, Peckinpah disse em entrevista que "Obviamente não estou contente com o filme, apesar de estar feliz que as críticas tenham sido tão boas como foram. Foi uma grande lição para mim, de que nunca faria um filme outra vez até ter controlo absoluto sobre a história. Portanto desse ponto de vista foi bastante valioso. Gostei de trabalhar com a senhora O'Hara, embora não tenha tido muita comunicação com ela. Estávamos sob tanta pressão a filmar, que eu tentava arranjar, todas as noites, uma maneira qualquer para mudar os diálogos, e acho que mudámos cerca de 20 por cento, eu e o Brian, porque ele pensava exactamente como eu."

Louis Skorecki notou que "Sam Peckinpah n'aura vraiment pas eu de chance avec ses producteurs. En 1961, il est alors un auteur respecté de la télévision (il a signé moult épisodes pour la série The Westerner) quand Charles B. Fitzsimons lui propose de réaliser son premier long métrage pour le cinéma. Peckinpah, qui croit avoir été engagé pour ses qualités (reconnues) de scénariste-dialoguiste, veut réécrire largement un script qu'il juge médiocre, alors que Fitzsimons, qui avait juste besoin d'un bon technicien derrière la caméra, refuse de changer la moindre virgule. Premier clash, premier tournage pourri par le conflit avec la production, premier remontage du film dans le dos de Peckinpah. Premières déconvenues avec le système hollywoodien qui, hélas, ne seront pas les dernières ni les plus traumatisantes (le massacre opéré sur Major Dundee et Pat Garrett et Billy le Kid sera bien pire). Ce coup d'essai, pour aussi bancal qu'il soit, porte pourtant en germe les grandes oeuvres à venir de Peckinpah. Le western se nimbe d'entrée de teintes crépusculaires et «Bloody Sam» montre déjà son goût pour les héros ambigus, violents, inadaptés au monde. Comme dans la célèbre inaugurale de la Horde sauvage (des bambins qui martyrisent des insectes), la propension de l'enfant à la violence est exposée sans fard. Et s'il n'y a pas encore les fameuses scènes de fusillades au ralenti, les morceaux de bravoure de mise en scène ne manquent pas. On recommande particulièrement l'affrontement quasi fantastique avec l'Apache, à la lueur des éclairs."

Entremos então no mundo de Sam Peckinpah e, como disse Manuel Mozos no seu texto sobre o realizador, encontremos "a integridade e constância na procura da verdade sobre o Homem, com os seus defeitos e as suas qualidades, as suas grandezas e as suas misérias, tão violento e cruel como apaixonado e nobre."

O filme será exibido com legendas em espanhol.

Até Terça-Feira!

Sem comentários:

Enviar um comentário