sábado, 5 de abril de 2025

391ª sessão: dia 8 de Abril (Terça-Feira), às 21h30


Esta terça, uma longa e uma curta pela dignidade
 
Para o mês de abril, o Lucky Star – Cineclube de Braga apresenta um ciclo de cinema intitulado “(Sobre)vivências num Mundo Inóspito. Olhares sobre exclusões e resistências” que conta com a parceria do Fórum Cidadania pela Erradicação da Pobreza – Braga e o projecto Migra Media Acts do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho. O ciclo é composto por filmes que representam criticamente a vulnerabilidade humana e as condições político-económicas que a potenciam, dando a conhecer problemáticas e formas de resistência.

Esta terça-feira, 8 de abril, serão exibidos dois filmes. O primeiro é a estreia nacional de La Rebelión de las Flores (2022), de Maria Vasquez, e o segundo é uma curta de animação O Teu Nome É (2021), de Paulo Patrício.

La Rebelión de las Flores é um documentário que retrata a ocupação pacífica do Ministério do Interior da Argentina por mulheres de diversas nações indígenas, em 2019. Vindas de regiões como Formosa, Chaco, Santa Fé, Misiones, Salta, Neuquén e Chubut, protestaram contra a destruição sistemática de seus territórios e cultura, exigindo o fim do terricídeo e genocídio das comunidades indígenas. Enfrentando a indiferença do Estado e da sociedade, o grupo de mulheres, num acto de protesto e resistência, luta pela urgência de uma forma de vida baseada na reciprocidade e solidariedade entre os povos e a natureza.

A realizadora fez o registo directo do evento, tido como único na história global. Não se tratando mera-mente de uma nova luta, mas de uma exigência ancestral, refere: “Cada cena era um eco dentro de um eco, cenas repetidas incessantemente durante mais de cinco séculos. Ali, as flores nativas rebelaram-se mais uma vez contra 500 anos de desapropriação e opressão”.

O Teu Nome É, de Paulo Patrício, é uma curta-metragem baseada em factos reais que ilustra a história da morte de Gisberta Salce Jr., transexual e sem-abrigo, que foi torturada no Porto em 2006. O registo documental e a animação dão voz aos testemunhos das amigas de Gisberta. Com um estilo visual sensível e envolvente, “O Teu Nome É” revela-se como um poderoso trabalho de memória e de luta contra qualquer tipo de discriminação.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras, às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre. 

Até terça!


quarta-feira, 2 de abril de 2025

A Flor do Buriti (2023) de Renée Nader Messora e João salaviza


por Estela Cosme
 
O sufoco do medo e da memória são incessantes em A Flor do Buriti, no qual nem a beleza natural da floresta brasileira nos consegue distrair dos horrores vividos e contados pelo povo Krahô no Brasil. O filme narra os eventos deste povo desde 1940, ano em que um massacre matou dezenas de pessoas indígenas que protegiam as suas terras e as suas casas de fazendeiros invasores. Seguiu-se a adesão forçada a um grupo paramilitar durante a ditadura militar nos anos 60, lembrada vivamente pelos membros da comunidade na atualidade. Por sua vez, estes descendentes têm ainda de lutar incessantemente pela proteção do seu território e pelo seu direito a existir em comunidade.
 
A ameaça dos Krahô tem o nome de cupē, uma designação previamente atribuída aos portugueses na época colonial e que agora é usada como referência aos fazendeiros que tanto ameaçam as nações indígenas da região. A ganância levou à violência e ao massacre contra os povos originários que se opuseram ferozmente à exploração das suas terras para a pecuária de larga escala da época moderna. Num mundo em que a vida humana indígena é desprezada e aniquilada para o bem do gado, os fazendeiros surgem como o pior dos males contra a natureza no Brasil contemporâneo. Compete aos Krahô proteger e zelar pela preservação do meio ambiente que os rodeia, assim como o estilo de vida comunitário que acompanha os seus esforços para proteger as suas terras ancestrais.
 
A resistência tem um preço demasiado elevado em todas as épocas retratadas no filme. Os Krahô são perseguidos não só pelos interesses gananciosos dos cupē, bem como pelos interesses opressores de um Estado militarizado e, mais tarde, de um Estado ainda indiferente e, até, hostil à luta e causa indígena. No entanto, o filme demonstra a importância que esta tem para os povos originários que se encontram sem outra alternativa a não ser a recusar vergar-se às forças opressoras do poder global e da criminalidade local.
 
Assistir a um retrato tão poderoso do Krahô não deixa margem para indiferenças por parte dos espectadores, sobretudo quando grande parte da narrativa é vista pelos olhos de Jotàt, uma jovem atormentada nos seus sonhos pelo sofrimento dos seus antepassados. Num mundo percepcionado através do medo, a mãe e o tio fazem tudo para eliminar as inquietudes da filha, embora saibam que as ameaças são reais e o passado se possa vir a repetir.
 
Contudo, as memórias do passado não se podem simplesmente evitar ou até expungir-se da alma, coletiva ou individual. O passado dos Krahô tem um peso incalculável na consciência deste povo e, por isso, ele é retratado pelos próprios com tanta vivacidade e responsabilidade. Assim, o filme presenteia-nos com a sua contribuição incrivelmente marcante. Não é de todo surpreendente que o filme tenha ganho o prémio de Melhor Elenco na sua estreia no Festival de Cannes em 2023.
 
Porém, o filme não se fica por uma mera recriação da história dos Krahô, ensina-nos que, se o passado é cruel, o presente é determinante para que a história seja redirecionada. Este é o motivo que leva dois membros da aldeia, Hyjnõ e Pratpro, à capital brasileira para se encontrarem com membros de outras comunidades indígenas, também elas a enfrentar memórias e eventos traumáticos e a tentar prevenir um futuro igualmente nefasto. Afinal, a união faz a força e é em Brasília onde os Krahô podem finalmente ver a sua realidade espelhada. É lá onde talvez possam encontrar as soluções que tanto procuram para os males que tanto os atormentam.
 
No entanto, quando estamos perto de encontrar algum tipo de resposta, o filme regressa novamente à terra dos Krahô, onde assistimos ao nascimento tão esperado do filho de Hyjnõ. A mãe faz o seu melhor para evitar que o bebé seja sufocado no parto, pois a sombra do medo surge logo à nascença. Pouco tempo depois, a criança está segura no peito da mãe, partilhando já os receios que assolam a sua tribo. Contudo, também nasce com ela a esperança de um mundo melhor, um mundo sem medo e com liberdade. E essa é uma possibilidade que se torna tão sufocante como o medo. 
 
 
 

sábado, 29 de março de 2025

390ª sessão: dia 1 de Abril (Terça-Feira), às 21h30


A Flor do Buriti esta terça no Lucky Star – Cineclube de Braga

Para o mês de abril, o Lucky Star – Cineclube de Braga apresenta um ciclo de cinema intitulado “(So-bre)vivências num Mundo Inóspito. Olhares sobre exclusões e resistências” que conta com a parceria do Fórum Cidadania pela Erradicação da Pobreza – Braga e o projeto Migra Media Acts do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho.
 
O ciclo é composto por filmes que representam criticamente a vulnerabilidade humana e as condições político-económicas que a potenciam, dando a conhecer problemáticas e formas de resistência.

Esta terça-feira, 1 de abril, o ciclo arranca com o filme A Flor do Buriti (2023), de Renée Nader Messora e João Salaviza. A Flor do Buriti explora três momentos da história do povo Krahô, passando pelas ditaduras brasileiras, durante as quais o povo Krakô foi perseguido, massacrado e obrigado a juntar-se a unidades militares, focando-se, ainda, nos desafios contemporâneos. O filme expõe a luta contínua do povo Krahô que, perante velhas e novas ameaças, encontra na sua relação com a natureza e nas tradições antigas modos de resistir.

Esta obra cinematográfica foi filmada em 16mm e o argumento foi escrito com o povo Krahô, envolvendo as comunidades das aldeias de Pedra Branca, Coprêr, Morro Grande e Manoel Alves Pequeno, para que o filme se centrasse nas suas memórias coletivas e luta política.

Desde 2014, esta dupla de realizadores tem vindo a realizar filmes participativos, tendo colaborado anteriormente com o povo Krahô para o filme Cantoria na Aldeia dos Mortos (2019), celebrado em Cannes com o Prémio do Júri. O cineasta João Salaviza ganhou, ainda, em 2009, a Palma de Ouro com Arena na categoria de curta-metragem, tendo sido o primeiro português a receber este prémio.

A Flor do Buriti também foi exibido em vários festivais internacionais, tendo estreado mundialmente na seleção oficial do Festival de Cannes – Un Certain Regard e galardoado com o Prémio de Melhor Elenco. Entre os vários destaques, honras e prémios, o filme também recebeu o Prémio de Melhor Longa-Metragem na 64º edição do Festival dei Popoli em Florença, sendo este o festival de cinema documental mais antigo da Europa.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.
 
Até terça-feira!




terça-feira, 25 de março de 2025

Disponível para Amar (2000) de Wong Kar-Wai




por António Cruz Mendes

A solidão, o desejo do amor e a impossibilidade da sua realização, são temas recorrentes na filmografia de Wong Kar-wai. Ainda na nossa última Folha de Sala, a Catarina Bernardo justamente o assinalou a propósito de Felizes Juntos. Podemos igualmente encontrá-los em Chunking Express ou em Anjos Caídos, também exibidos neste ciclo dedicado ao realizador de Hong Kong.
 
Porém, em Disponível para Amar, realizado três anos depois do filme da semana passada, o tom é mais melodramático e o ritmo do filme é radicalmente diferente. À dinâmica trepidante dos filmes anteriores, sucede uma cadência dolente, pontuada por imagens em slow motion e sublinhada pela banda sonora, pela valsa triste de Shigeru Umebayashi e pelas canções de Nat King Cole. São imagens perpassadas por uma condoída melancolia que denotam a fraqueza dos protagonistas perante as circunstâncias e os acasos da vida.
 
Chow Mo-wan, jornalista, e Su Li-zhen, secretária, ao contrário de outras personagens de Wong Kar-wai, não são figuras transgressoras. A sua vida é rotineira e nem a revelação da traição dos seus cônjuges suscita neles uma atitude de revolta. O seu mal-estar permanece sufocado, não se manifesta publicamente. Contudo, a sua situação aproxima-os e, lentamente, a partilha do seu desgosto vai-se transformando em compreensão e cumplicidade. Um caminho que os dois vão percorrendo, assinalado por pequenos gestos e olhares. À medida que a sua afeição se sedimenta, a cor vermelha passa a estar cada vez mais presente, seja nos corredores do hotel onde se encontram seja nos vestidos de Su. Contudo, nenhum deles tem a coragem de assumir a sua paixão.
 
Nunca vimos o rosto do Sr. Chang ou da Sra. Chow, que têm uma passagem muitíssimo fugaz nas primeiras sequências do filme. Sabemos que estão ausentes, mas a sua presença fantasmática será determinante. O patrão de Su mantém uma relação extraconjugal e o amigo de Chow frequenta prostíbulos, mas “nós não seremos como eles”, repetem-nos mais do que uma vez. Em diferentes momentos, close-ups dos seus dedos mostram-nos as suas alianças. O seu respeito pelas convenções, o receio do julgamento dos seus vizinhos, que tratam Su pelo nome do marido, impede-os de assumir o seu amor.
 
Em Disponível para Amar e até à sequência final, não vemos a luz do dia, nem planos abertos. Chow e Su estão sempre presentes, muitas vezes sozinhos, quase sempre alheados dos que os rodeiam. Os espaços claustrofóbicos do prédio onde habitam, percorridos por estreitas escadas e corredores, onde se acotovelam os seus hospedeiros, são uma expressão visual do seu confuso mundo interior, uma solidão povoada pelo olhar insistente dos outros. A câmara parece por vezes espreitar por estreitas aberturas os espaços onde cada um deles se refugia. Parece querer convidar-nos também a nós, espectadores, a sondar furtivamente a sua intimidade. Só à noite, em locais públicos, mas de facto desertos, conseguem reunir-se a sós. Ensaiam, então, confrontações e despedidas… Em vão. O senhor Chang terá regressado ou não a casa, mas a separação é inevitável. E nessa noite de chuva torrencial, a primeira e a última em que os vemos abraçados, Chow anuncia a sua partida para Singapura, onde prosseguirá o seu ofício de jornalista. 
 
As sequências finais decorrem no Cambodja, onde Chow foi cobrir uma visita do General De Gaulle, documentada por imagens de arquivo. Antes disso, em Singapura, ele evocou um antigo costume: quando alguém tem um segredo que não pode revelar dirige-se a uma floresta, abre um buraco numa árvore e guarda-o aí para sempre. É o que ele fará no templo de Angkor Wat, sob o olhar de um jovem monge budista. 
 
 
 

sábado, 22 de março de 2025

389ª sessão: dia 25 de Março (Terça-Feira), às 21h30


Disponível para amar, de Wong Kar-Wai, esta terça
 
Para o mês de março foi programado um conjunto de filmes do realizador chinês Wong Kar-Wai, para constituir uma pequena retrospectiva deste emblemático realizador. Como habitualmente as sessões ocorrem às terças-feiras no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.

Esta terça-feira, 25 de março, o ciclo encerra com o filme Disponível para Amar de 2000, também conhecido pelo seu título em inglês In the Mood for Love e considerado uma obra incontornável de Wong Kar-Wai. 

Disponível para Amar é uma poesia visual que explora as complexidades do coração humano. No frenesi das ruas de Hong Kong, dois estranhos encontram-se, unidos por um elo invisível de desejo. Entre encontros fugazes e desencontros dolorosos, as personagens embarcam numa jornada emocionalmente intensa de amor proibido, onde as linhas entre realidade e fantasia se misturam.

Conhecido por improvisar e alterar as narrativas durante a produção fílmica, Wong Kar-Wai também reformulou a história de Disponível para Amar à medida que as filmagens avançavam. Foi inicialmente pensado como sequela do filme Dias Selvagens (1990), com o título “Verão em Beijing”.
 
A cinematografia foi iniciada por Christopher Doyle e concluída por Lee Ping-Bing, ambos contribuindo para a estética pictórica do filme. Apesar da narrativa assentar na Hong Kong dos anos 60, muitas cenas foram filmadas em Bangkok e Tailândia para criar a atmosfera certa.

A actriz Maggie Cheung usa 46 cheongsams (qipaos) diferentes ao longo do filme, concebidos para refletir mudanças subtis nas emoções da sua personagem. O coprotagonista Tony Leung ganhou o prémio de melhor ator em Cannes.

Wong Kar-Wai terá continuado a editar o filme depois do festival, refinando-o para o lançamento nos cinemas e foi, ainda, filmado um final alternativo – um romance mais explícito entre os dois personagens principais – descartado, depois, para manter o tom contido e melancólico do filme. Algumas cenas cortadas sugeriam que a personagem interpretada por Maggie Cheung estava grávida. O filme 2046, de 2004, pode ser visto como uma possível continuação do filme Disponível para Amar, e que completa, assim, juntamente com o filme Dias Selvagens, a "Trilogia do Amor" de Wong Kar-Wai.

Wong Kar-Wai tencionava usar apenas músicas de Nat King Cole, decidindo utilizar, posteriormente, o tema “Yumeji”, de Shigeru Umebayashi, para criar um ambiente idílico e nostálgico.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre. 

Até terça!


quarta-feira, 19 de março de 2025

Felizes Juntos (1997) de Wong Kar-Wai



por Catarina Bernardo
 
Um filme sobre solidão, desejo e identidade, que reflete a impossibilidade de certos amores e a busca por um recomeço. Felizes Juntos (1997) transporta-nos para as ruas de Buenos Aires onde conhecemos Lai Yiu-Fai (interpretado por Tony Leung Chiu-Wai, um nome bastante conhecido nas obras de Wong Kar-Wai) e Ho Po-Wing (Leslei Cheung), um casal que vivia em Hong-Kong, mas que decide viajar para a Argentina em busca de um recomeço. Cedo percebemos que a relação na verdade é marcada por um ciclo tóxico de paixão, separações e reconciliações. Presos naquele ambiente estrangeiro, Lai trabalha em diversos empregos numa procura de estabilidade e de uma vida melhor. Já Ho, o mais impulsivo da relação, vive a vida de forma irresponsável, procurando Lai quando este se encontra vulnerável, tornando a relação desgastante.
 
Através de uma atmosfera visual vibrante e ao mesmo tempo melancólica, Christopher Doyle cria uma estética visual bastante distinta. A oscilação entre o preto e o branco e as cores vibrantes conseguem criar um contraste entre momentos de infelicidade ou de felicidade intensa. A saturação do amarelo e do verde transmitem uma sensação de calor e desejo, mas ao mesmo tempo de desinteresse e solidão. Os movimentos de câmara bruscos e instáveis ajudam a reforçar a agitação emocional dos personagens.
 
Sendo o filme maioritariamente filmado na Argentina, transmite uma sensação de deslocamento nos personagens, que são imigrantes de Hong Kong. As condições em que vivem, o espaço claustrofóbico e sujo do pequeno apartamento que partilham simboliza a decadência da relação, enquanto as paisagens da Argentina transmitem a sensação de liberdade e mudança.
 
Com o filme Felizes Juntos, Wong Kar-Wai recebeu o prémio de melhor realizador no Festival de Cannes e tornando-se um dos realizadores mais inovadores do cinema contemporâneo. Felizes Juntos foi inovador no cinema asiático por retratar um relacionamento entre dois homens de uma forma natural e emocionalmente complexa. O filme teve um grande impacto na visibilidade da Comunidade LGBTQ+ em Hong Kong e noutros países asiáticos, onde a homossexualidade enfrentava uma forte repressão.
 
Quase trinta anos depois, este filme continua a ser um símbolo importante para a comunidade, especialmente em Hong Kong e Taiwan, onde teve grande influência.