segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

377ª sessão: dia 21 de Janeiro (Terça-Feira), às 21h30


Nikias Skapinakis segundo Jorge Silva Melo na próxima sessão

Durante o mês de janeiro, o Lucky Star – Cineclube de Braga inicia o ano com um ciclo composto por seis filmes dedicados à pintura, intitulado: "Enquadramentos e Molduras - Pintores em perspectiva" Como habitualmente as sessões ocorrem às terças-feiras no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva. Este ciclo pretende refletir a estreita relação entre as diferentes artes visuais, especificamente entre a pintura e o cinema.

Esta Terça-feira, 21 de Janeiro, será exibido o filme de Jorge de silva Melo Nikias Skapinakis - O Teatro Dos Outros (2007). Conhecido pelos seus retratos de figuras portuguesas e paisagens de Lisboa, Nikias Skapinakis foi um pintor português de ascendência grega, o filme centra-se no percurso artístico e pessoal do artista.

Silva Melo revisita a colectânea que integrou a exposição “Quartos Imaginários”, inaugurada em 2006 no Museu Arpad Scenes -Vieira da Silva, composta pelas pinturas dos vários quartos e ateliers de célebres pintores e escritores que Nikias admirava, tais como de El Greco, Paul Klee, Matisse e Vieira da Silva, ou, ainda, Mário Cesariny, Fernando Pessoa, Teixeira Pascoaes, entre outros. A vida imaginada dos vários artistas pelo pintor, encenadas nas suas pinturas, são transpostas para a imagem em movimento, diluindo-se representação, ficção e real, remetendo-nos não somente para o teatro dos outros, mas para o da própria vida.

Jorge de Silva Melo foi um dramaturgo, encenador e realizador. Co-fundou o teatro da Cornucópia e foi director da sociedade artística Artistas Unidos, a qual concebeu diversos tipos de trabalhos, espectáculos e exposições, bem como produziu filmes, inclusive este, dedicado ao pintor Nikias Skapinakis, em coprodução com a RTP.
 
A maioria dos filmes realizados por Silva Melo são retratos de terceiros – artistas, escritores –, com excepção de Ainda Não Acabámos - como se fosse uma carta (2016), tido como um autorretrato, mas constituído, também, desses encontros com o outro que marcam uma vida. Foi terminado, em 2022, um filme dedicado ao Jorge Silva Melo, iniciado ainda pelo próprio, intitulado: Viver Amanhã Como Hoje.

A sessão contará com a presença de Eduardo Calheiros Figueiredo, membro da direcção da Zoom – Associação Cultural, cineclube de Barcelos, que fará a apresentação do filme.
 
As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre. 

Até Terça-feira!



 

sábado, 11 de janeiro de 2025

376ª sessão: dia 14 de Janeiro (Terça-Feira), às 21h30



Cézanne sob o olhar da dupla Danièle Huillet e Jean-Marie Straub
 
Durante o mês de Janeiro, o Lucky Star – Cineclube de Braga inicia o ano com um ciclo composto por seis filmes dedicados à pintura, intitulado: "Enquadramentos e Molduras - Pintores em perspectiva". Como habitualmente as sessões ocorrerão às terças-feiras no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva. Este ciclo pretende refletir a estreita relação entre as diferentes artes visuais, especificamente entre a pintura e o cinema. 

Na próxima terça-feira, 14 de Janeiro, serão exibidos dois filmes de média-metragem da dupla de realizadores Danièle Huillet e Jean-Marie Straub, sendo o primeiro Cézanne - Dialogue avec Joachim Gasquet, de 1990, e o segundo filme Une Visite au Louvre, de 2004.
 
Para ambos os filmes, os realizadores inspiram-se no livro de 1921, intitulado: “Cézanne”, de Joachim Gasquet, autor, o qual, terá privado com o pintor pós-impressionista Paul Cézanne. Recorrendo a planos fixos de imagem e à leitura de excertos da segunda parte do livro de Gasquet, conhecida como “Ce qu’il m’a dit” ou “O que Ele me Disse…”, Huillet e Straub complexificam, de forma crítica, o olhar sobre a pintura e o próprio cinema.  

Em Cézanne – Diálogo com Joachim Gasquet (1990), as palavras do pintor, usadas em voz-off, sobrepõem-se às imagens das suas pinturas e das fotografias tiradas dele, para discutir o processo criativo e o lugar do artista no Mundo. A narração percorre, também, excertos do filme “Madame Bovary” de 1934, de Jean Renoir, que por sua vez foi inspirado no romance literário, com o mesmo nome e de 1856, de Gustave Flaubert, passando, ainda, por cenas do filme “A Morte de Empédocles” (1987), da dupla Huillet-Straub, inspirado na obra escrita de Friedrich Hölderlin (1770-1843), detendo-se, ainda, nos planos da Montanha Sainte-Victoire, lugar que inspirou a obra artística de Paul Cézanne.

Em Une visite au Louvre, a arte, bem como a disposição e preservação desta nos museus, são objecto de análise através dos pensares de Cézanne. Neste filme, as memórias de Joachim Gasquet das suas conversas com o pintor são utilizadas para nos apresentar um olhar crítico sobre a pintura e as várias obras de diversos artistas expostos no Museu do Louvre, tal como as de Tintoretto, Delacroix, Courbet, entre outros. Durante o filme, graças aos planos longos é possível admirar as várias pinturas que o próprio Paul Cézanne contemplou.
 
As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre. 

Até Terça!

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Van Gogh (1948) de Alain Resnais + Lust for Life (1956) de Vincente Minnelli

 
Por António Cruz Mendes

A figura romântica do artista que, apesar da incompreensão do público, sacrifica a vida à realização da sua obra tem protagonizado muitos filmes. Van Gogh é um caso exemplar. Nas últimas décadas, a sua vida e a sua obra motivaram a realização de vários filmes: em 1990,uma das curtas-metragens que fazem parte de Yume (Sonhos), de Akiro Kurosawa, foi-lhe consagrada; em 1991, Maurice Pialat, realizou Van Gogh; em 2014, Dorota Kobiela e Hugo Welchman, realizaram Loving Vincent (A Paixão de Van Gogh), um filme de animação totalmente pintado à mão no estilo do pintor; e, em 2018, Julian Schnabel (também ele um pintor), realizou At Eternity’s Gate (No Portal da Eternidade). Na sessão de hoje apresentamos dois filmes mais antigos: a curta-metragem Van Gogh, de 1948, de Alain Resnais, e o filme de Vincente Minelli, Lust for Life (Sede de Viver), de 1956.
 
Provavelmente, o nascimento e a difusão da fotografia e do cinema (que nos permite reproduzir com grande precisão as imagens que a realidade nos oferece) terá dado um contributo muito importante para a desvalorização da mimesis como elemento definidor da qualidade artística da pintura. E, nesse processo de invenção de formas desobrigadas de uma função mimética que vai caracterizar a arte moderna, as correntes expressionistas que não entendem a pintura como uma representação realista da realidade perceptível, mas como a sua transfiguração através da projecção imagética do mundo interior do artista, dos seus sentimentos e emoções, vão ter em Van Gogh um importante precursor.
 
O filme de Alain Resnais assume esta ideia de uma fusão entre a vida e a obra do artista oferecendo-nos um ensaio sobre Van Gogh que dispensa a encenação de episódios da sua vida e a própria representação física do pintor para se fundar exclusivamente na filmagem das suas pinturas, como se as suas paisagens e os seus retratos bastassem para nos revelar a sua personalidade, os seus propósitos, as suas obsessões e angústias.
 
O filme conduz-nos das obras do seu “período holandês”, onde, em tons sombrios, procura expressar a miséria dos operários e camponeses, para aquelas que realiza em Paris, onde descobre o impressionismo, e para as realizadas em Arles e, depois, em St. Remy e Auvers, onde pelo uso expressivo da cor e, depois, pela figuração retorcida da natureza, dos objectos e das pessoas, se afasta progressivamente da representação “impressionista” de puras sensações visuais. No entanto, Resnais decidiu desvalorizar esse processo evolutivo da pintura de Van Gogh para ressaltar a sua unidade fundamental e a sua dimensão humanista. Para isso, resolveu filmar a preto e branco, valorizando a importância da materialidade da pintura sobre a valia da cor. A câmara passeia-se pelas suas telas privilegiando planos de pormenor, para melhor evidenciar o fazer da obra, as texturas e as marcas deixadas pelos traços do pincel. Oferece-nos, assim, uma visão mais abstractizante da obra de Van Gogh para nos mostrar que essa coisa que a pintura é pode significar essa outra coisa que é a vida do artista.
 
Se o filme de Resnais procura compreender o homem a partindo de uma leitura da sua obra, o de Minnelli segue o caminho inverso e tenta perceber a obra de Van Gogh a partir da sua biografia. No entanto, um tanto paradoxalmente, dada a importância da cor na pintura de Van Gogh, no primeiro a realização optou pelo preto-e-branco, enquanto no segundo a vibração cromática das suas telas parece ecoar nas cores saturadas do filme.
 
Em Sede e Viver, seguimos também o trajecto, da Flandres a Paris e, daí, a Arles e ao hospício de Saint-Rémy e a Auvers que, com o auxílio do narrador, podemos observar em Van Gogh, mas, desta vez, pelos passos do próprio pintor. Ganham mais relevo os seus dramas amorosos e familiares e o papel de Theo como confidente e apoio, e vamos sabendo das suas intenções artísticas através das suas confissões e debates. No filme de Minnelli, as imagens dos quadros de Van Gogh continuam presentes, mas servem sobretudo para ilustrar uma narrativa biográfica.
 
Em Arles, Van Gogh julga ter alcançado o ápice da sua arte. Contudo, o estado de tensão emocional em que continua a viver agrava-se com a chegada de Gauguin e as frequentes e violentas discussões entre os dois acerca do sentido da vida e da arte. A suposta loucura de Van Gogh encontra em Sede de Viver um relevo particular. Na verdade, ela nunca foi diagnosticada e supõe-se que o famoso episódio do corte na orelha possa ter ocorrido no contexto de uma crise de epilepsia. Note-se, no entanto, que a epilepsia era considerada à época uma doença psiquiátrica. A repetição desses ataques terá feito Van Gogh duvidar da sua própria sanidade mental e, embora no intervalo das crises tenha retomado o seu trabalho de pintor, o carácter atormentado das obras que pinta em Saint-Rémy e Auvers denotam a angústia que o consome e anunciam o desfecho final.
 
O dilema existencial de Van Gogh é o tema central de Sede de Viver (“desejo de viver” numa tradução mais literal de “lust for life”): para ele, a vida não tem sentido à margem da criação artística, mas as energias que ela consome tornam-lhe a vida insuportável. 
 
 
 

sábado, 4 de janeiro de 2025

375ª sessão: dia 7 de Janeiro (Terça-Feira), às 21h30


Vida e obra de Van Gogh em dois filmes na próxima terça 
 
Durante o mês de Janeiro, o Lucky Star – Cineclube de Braga inicia o ano com um ciclo composto por seis filmes dedicados à pintura, intitulado: "Enquadramentos e Molduras - Pintores em perspectiva", com as habituais sessões às terças-feiras no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva. Com este ciclo pretende-se reflectir a relação entre as diferentes artes visuais, especificamente entre a pintura e o cinema.

Na próxima terça-feira, 7 de Janeiro, o ciclo arranca com dois filmes sobre o famoso pintor holandês Vincent Van Gogh. O primeiro a ser exibido é uma curta-metragem Van Gogh (1948) de Alain Resnais. O realizador usa a voz-off do actor Claude Dauphin e o movimento de câmara para discorrer pelos quadros do pintor e compor uma narrativa poética que retrata a vida e obra do artista.

A trasladação da pintura fixa para a imagem fotográfica a preto e branco, numa montagem pensada, dá realismo aos quadros e aos elementos neles representados, dando-nos a ilusão que as pinturas transpostas para a imagem em movimento nos mostram a história de vida do próprio Van Gogh, os infortúnios por que passou de par com a tenacidade do seu espírito criativo.

Num segundo momento é exibido a longa-metragem Lust for Life ou a A vida apaixonada de Van Gogh (1956) de Vincente Minnelli. O filme retrata a vida do pintor numa versão hollywoodiana e baseada no livro de 1934, com o mesmo título, de Irving Stone. 
 
Através da trama de Minnelli, seguimos o percurso de Van Gogh pelos diferentes lugares na Europa por que passou até ao seu destino final em Auvers-sur-Oise. Para além da vida conturbada de Van Gogh, o filme revela-nos vários quadros do pintor, algumas pertencentes a colecções privadas e, portanto, menos conhecidas pelo público em geral. A cinematografia de Lust For Life, por Freddie Young e Russell Harlan, foi pensada em diferentes esquemas de cores, consoante os lugares filmados (lugares, os quais, Van Gogh viveu e pintou) e a paleta de cores das pinturas originais, denotando-se as diferenças ao longo do filme.

O génio e o íntimo do artista atormentado são representados pelo actor Kirk Douglas, o qual aprendeu algumas técnicas da pintura para poder retratar o pintor com maior exactidão. A personagem Theo Van Gogh, irmão de Vincent Van Gogh, é encarnada por James Donald e o actor Anthony Quinn desempenha o papel do pintor Paul Gauguin. O filme foi nomeado para vários prémios pela academia americana, tendo valido um óscar de melhor actor secundário Anthony Quinn e um globo de ouro a Kirk Douglas de melhor actor.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre. 

Até Terça-feira!


quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Donovan's Reef (1963) de John Ford


por António Cruz Mendes

Andrew Sarris, em The John Ford Movie Mistery, diz-nos que “há realizadores que descobrem o mundo, há outros que o inventam. Ford, como a maior parte dos grandes cineastas de Hollywood, pertence à segunda categoria. Àquela onde o cinema é o sonho e não o documento”. Não duvidaremos da verdade desta sentença se recordamos os muitos westerns realizados por Ford, pedras basilares da visão mítica da “conquista do oeste” construída pelo cinema americano durante a primeira metade do século XX, mas a sua justeza torna-se particularmente evidente quando vemos A Taberna do Irlandês.
 
Em 1963, quando o realizou, John Ford tinha já 70 anos e 140 filmes no seu currículo. Entretanto, o estilo de vida e os gostos do público americano foram-se modificando e isso refletia-se na produção cinematográfica. A era clássica dos westerns, das narrativas épicas protagonizadas por heróis impolutos que encarnavam a vitória da civilização sobre a barbárie, estava a chegar ao fim. O movimento pelos direitos civis, liderado por Martin Luther King e, mais tarde, a guerra do Vietname, traduziram-se na realização de filmes que ofereciam uma visão diferente, talvez mais realista, seguramente mais crítica, da história americana e diz-se que John Ford se enquadrava mal nesse ambiente. A realização de A Taberna do Irlandês teria sido uma forma de fugir, física e emocionalmente, de um lugar onde já não se sentia bem.
 
Apesar da recepção crítica não lhe ter sido favorável, o filme foi um êxito de bilheteira. Tratase, de facto, de uma divertida comédia e nela, diz-nos João Bénard da Costa, “o velho mestre já não se dá ao trabalho de enraizar o seu sonho, ou de o justificar. Limita-se a pintá-lo, e a pintar-se através dele, com a amizade, com a felicidade”.
 
Na imaginária ilha da Polinésia onde decorre a história, todas as personagens são felizes e têm bom coração. Por vezes, fala-se da pobreza dos seus habitantes, mas ela só se entrevê no estado do telhado da igreja. Aliás, a participação dos nativos reduz-se às cenas coreografadas das suas reuniões festivas e é essencialmente decorativa. As homéricas cenas de pancadaria com que Donovan e Gilhooley comemoram os seus aniversários assemelham-se mais aos populares combates de wrestling do que a verdadeiras agressões físicas. Delas, os lutadores saem praticamente ilesos e a única coisa que sofre verdadeiros danos é o mobiliário da taverna. O próprio Marquês de Lage, que representa na ilha o governo francês e que começa por se queixar por ter sido nela desterrado, com o seu permanente sorriso e a sua ingénua e transparente “malvadez”, acaba por se tornar numa personagem simpática. Amelia, quando aí aporta, ostenta uma figura esfíngica que contrasta com a vida simples e despreocupada dos ilhéus, mas o seu mergulho no momento do desembarque anuncia-nos desde esse primeiro instante que essa couraça não é sólida e que rapidamente se vai desfazer.
 
As magníficas paisagens, a alegria das gentes, a simpatia das crianças, o altruísmo do pai, a relação que, passados os primeiros desentendimentos, se vai estabelecendo entre ela e Donovan, são os elos de uma história de aprendizagem donde Amelia sai transfigurada.
 
O Happy End é inevitável e a festa de Natal anuncia já a próxima reunião da família Dehdam. O quadro da princesa Manulani, exibido em lugar de destaque na casa do pai, o seu nome na lápide que homenageia os heróis da guerra contra o Japão, a homenagem prestada pelos nativos a Sally, sua herdeira, e, por fim, uma confidência do Marquês, são as peças de um puzzle que, reunidas, põem fim a todos os quid pro quo. E o próprio Donovan era, afinal, um par de Amelia, pois também ele era dono de uma pequena companhia de navegação. No último momento, a previsível união dos dois acaba por se cumprir.
 
Enfim, quem terá saído vencedor nessa “guerra de sexos” que, durante grande parte do filme, se travou entre Donovan e Amelia? Será que, no fim, a “ilha” venceu “Boston” ou foi “Boston” quem domesticou a “ilha”? Não é evidente o resultado dessa contenda. Amelia era uma executiva ciosa da sua autoridade e independência e até tinha vencido Donovan numa corrida de natação. Mas, agora, afirma Donovan, será ele quem, no casal, “vestirá as calças”. E a relação entre os dois começa com uma amigável e paternal sova. Por outro lado, o ambiente da casa do Dr. Dehdam não deixa de ser bastante “bostoniano” e Donovan decidiu passar a taverna ao seu amigo Gilhooley… Nessa disputa, os dois pratos da balança terão acabado por ficar mais ou menos equilibrados.
 
 
 

sábado, 7 de dezembro de 2024

374ª sessão: dia 10 de Dezembro (Terça-Feira), às 21h30


John Ford e John Wayne regressam a Braga 
 
Em Dezembro, o Lucky Star – Cineclube de Braga celebra a época natalícia como tem feito desde o início da sua actividade, em 2015. Para cumprir a tradição, as duas primeiras semanas de Dezembro serão dedicadas ao ciclo “Um Natal com John Ford - Bright Star of the Early Western Sky” e serão exibidos, no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, dois filmes do emblemático realizador americano que aludem às festividades. 
 
Na próxima terça-feira dia 10 de Dezembro, às 21h30, exibe-se o filme A Taberna do Irlandês de 1963, realizado por John Ford e com direcção de fotografia de William H. Clothier. O filme é baseado num conto de Edmund Beloin adaptado por James Michener, com argumento escrito por Frank S. Nugent e James Edward Grant. 

Um veterano da segunda guerra, Thomas Gilhooley (Lee Marvin), abandona o cargueiro onde trabalha para chegar a Haleakaloha, na Polinésia Francesa. Aí, vive Michael Donovan (John Wayne), antigo camarada de Gilhooley que tem um bar na ilha, o “Donovan’s Reef”. Partilhando o dia de aniversário, os dois amigos têm a tradição de andar ao soco nesse dia, atraindo visitantes e habitantes locais. A trama intensifica-se quando uma jovem aristocrata de Boston, Amelia Dedham (Elizabeth Allen), parte em busca do pai para resolver uma contenda legal e a sua jornada se cruza com a de Donavan. 
 
No seu livro The John Ford Movie Mystery, publicado em 1975, e evocando a obra de Jean Renoir e de William Shakespeare, Andrew Sarris escreve que o filme “é o Déjeuner sur L’Herbe de Ford, como o Déjeneur sur L’Herbe é A Tempestade de Renoir: a mais acabada depuração da serenidade e sabedoria dum velho artista.” 
 
A citação é lembrada na folha da Cinemateca de João Bénard da Costa sobre A Taberna do Irlandês, que elucida ainda que o filme foi rodado em Kauai, no Havai, não apenas para servir a narrativa da obra, mas para concretizar, também, a última viagem de barco até ao pacífico com o Araner, iate que pertencia a Ford e que foi usado em várias filmagens ao longo de trinta anos. A Taberna do Irlandês, para além das suas cenas de acção, comédia e romance, presenteia-nos, ainda, com uma cena de Natal épica e bem humorada, ideal para fecharmos o ciclo nesta época natalícia. 
 
As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.

Até Terça!