quarta-feira, 23 de abril de 2025

Nha Sunhu (2021) de José Magro



por José Magro
 
 
Optando por dar voz ao realizador, transcreve-se a excelente apresentação da curta-metragem que está disponível no website do Festival Caminhos do Cinema Português:
 
“Como é que o viés do realizador influencia a representação do outro? O cinema documental é uma ferramenta poderosa para retratar o mundo, mas baseia-se numa relação intrinsecamente desequilibrada: segurar a câmara também significa ter poder sobre como o outro é representado. Dadas as variáveis dessa relação desequilibrada, é crucial que nessa representação do outro se proceda a um processo de questionamento (e autoquestionamento) do olhar, ponto de vista e perspetiva. Essa reflexão torna-se ainda mais importante quando existe desigualdade de poder na relação, devido a questões raciais ou a um passado colonial. Numa época em que se tornou essencial para o cinema ouvir e retratar as vozes daqueles historicamente e socialmente sub-representados, é importante que as suas histórias deixem de estar sujeitas apenas ao olhar ocidental e branco, que predomina, e a um sistema onde o direito de estar "atrás da câmara" é preservado e perpetuado. Nha Sunhu é um filme de ficção baseado numa situação real: a exploração de jogadores de futebol africanos no meu país natal, Portugal. Subvertendo as expectativas de uma abordagem documental, a narrativa volta os holofotes para o realizador, questionando o seu papel: quem é que está a contar a história e como é que a história está a ser contada?”.
 

[1] José Magro, https://www.caminhos.info/filmes/27ccp-298_nha-sunhu_jose-magro/?srsltid=AfmBOop1bROBqvdRDePBDm3kr18n6D2JGHMA2b-62EYG3ADi1xHcZF8m, 2021

 

 Folha de Sala

 

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