segunda-feira, 23 de junho de 2025

403ª e 404ª sessão: dia 24 e 28 de Junho (Terça e Sábado), às 21h30 e 17h30, respectivamente




“A Costa dos Murmúrios” de Margarida Cardoso e “Andrei Rublev” de Andrei Tarkovsky, esta terça-feira e sábado 

Para o mês de junho, o Lucky Star- Cineclube de Braga propõe um ciclo intitulado “Modelo e Corpo: Subversões no Cinema Português”. O ciclo reúne três obras singulares do cinema português realizadas por mulheres que, ao longo de décadas distintas, ousaram interrogar o íntimo e o histórico através de um olhar radicalmente diferente. As sessões deste ciclo ocorrem, como habitualmente, às terças-feiras na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, às 21h30. Ainda em junho, dá-se início ao “Cinema Fora de Portas”, exibindo-se filmes em locais ímpares de Braga. A primeira sessão ocorre este sábado 28 de junho na Fundição de Sinos de Braga, às 17h30.

Esta terça-feira, 24 de junho, inspirado no romance homónimo de Lídia Jorge, A Costa dos Murmúrios (2004) retrata a experiência de Evita, uma jovem portuguesa que, nos últimos anos da Guerra Colonial, abandona Lisboa para se casar com um oficial destacado em Moçambique. À medida que mergulha na realidade colonial, marcada pela violência e o silêncio, Evita confronta-se com a brutalidade da guerra e com o vazio da relação conjugal. Através de um olhar feminino, o filme desmonta a ficção colonial portuguesa, explorando a experiência de uma mulher deslocada que se depara com o colapso do império num território em guerra.

No sábado, 28 de junho, às 17h30, arranca o ciclo “Fora de Portas”, com o icónico filme Andrei Rublev, de 1966, de Andrei Tarkovsky. Na Rússia do século XV, devastada por guerras, a miséria e intolerância, Andrei Rublev, um monge e pintor de ícones, atravessa um país mergulhado no caos à procura de sentido para sua arte e fé. Numa jornada dividida em episódios, Tarkovsky constrói uma poderosa meditação sobre o papel do artista diante da violência do mundo e do silêncio de Deus. Andrei Rublev, mais que uma biografia, é uma experiência espiritual. Inegavelmente, um clássico importante na história do cinema. A sessão terá lugar na Fundição de Sinos de Braga – Serafim da Silva Jerónimo & Filhos, Lda., parceiro desta iniciativa.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras, às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre. As sessões do ciclo Fora de Portas têm entrada livre e ocorrem em diferentes pontos da cidade de Braga.

Até terça e sábado!


sexta-feira, 20 de junho de 2025

O Som da Terra a Tremer (1990) de de Rita Azevedo Gomes



por Estela Cosme
 
Não há forma de descrever O Som da Terra a Tremer sem parecer que estamos a narrar uma alucinação, um sonho dentro de um sonho. O filme mistura a realidade de um escritor chamado Alberto com a sua obra que escreve, sobre um marinheiro chamado Luciano, onde não se distingue a realidade da ficção, onde não se separa as vivências de um homem artístico com as fantasias da sua personagem de carne e osso. No filme não tarda muito em que, sem perder o fio à meada, os fios narrativos se entrelaçam e o espectador é lançado a um enredo que terá de decifrar por si próprio. Rita Azevedo Gomes dá-nos pistas, mas somos nós que temos de encontrar a realidade de Alberto e a ficção de Luciano enquanto flutuamos numa poesia visual soberba e esmagadora.
 
A realizadora inspirou-se em duas grandes obras para a elaboração do argumento, Paludes de André Gide (sobre um autor recluso num pântano que simboliza os intelectuais de Paris do século XIX), e Wakefield de Nathaniel Hawthorne (sobre um homem que sai de casa com o pretexto de que vai viajar, mas que se instala num quarto do outro lado da sua rua). Embora o meio literário sirva de grande inspiração, este parece ser insuficiente perante a riqueza narrativa do filme, em que as imagens visuais nem sempre correspondem com a narração e o tempo nem sempre se adapta à realidade. Afinal, onde acaba o artista e onde começa a sua obra? Onde acaba a obra e começa o artista? É possível sequer fazer a separação entre Alberto e Luciano?
 
A resposta não é definitiva, mas é sempre subjectiva, e cabe a cada um de nós interpretá-la. O filme evoca o teórico e filósofo Roland Barthes que, no seu célebre ensaio de 1967, A Morte do Autor, defende que a interpretação do leitor se deve sobrepor a tudo aquilo que conhecemos do escritor. O texto não se deve definir pelas intenções do autor pois a obra é sempre filtrada pela subjetividade atribuída pelo leitor. Sendo assim, o autor “morre” para que a narrativa passe a ser de quem lhe atribui significado. Isto implica que cada um de nós interpreta a vida de Alberto e a história de Luciano de uma forma muito individualizada. Cabe a nós definir o que é ficção e o que é realidade (e se esta existe), e onde Alberto morre e Luciano vive.
 
O filme apresenta grandes incógnitas sobre as suas personagens que, por sua vez, levam a grandes implicações. Se Alberto não pode ser definido pelas suas experiências (que podem ser inventadas) ou pelas suas relações (que podem ser imaginadas), como podemos definir tal homem? Como podemos definir a sua personagem? E, talvez o mais importante, como se define a ele próprio?
 
Se a resposta a estas questões é através da sua obra, então Alberto apenas pode ser definido pela representação de Luciano, que é tão incerta como o seu nome e como a sua própria narrativa. O escritor espelha-se na sua ficção de forma frágil e cruel, ilustrando sem rodeios a solidão e a tristeza que o persegue e atormenta. Ele cria a sua própria miséria, construindo a sua vida numa muralha de arrependimentos. Talvez o som da terra a tremer seja o som dos muros que ele próprio ergue à sua volta.

domingo, 15 de junho de 2025

402ª sessão: dia 17 de Junho (Terça-Feira), às 21h30


“O Som da Terra a Tremer” de Rita Azevedo Gomes, esta terça-feira no Lucky Star- Cineclube de Braga

Para o mês de Junho, o Lucky Star- Cineclube de Braga propõe um ciclo intitulado “Modelo e Corpo: Subversões no Cinema Português”. O ciclo reúne três obras singulares do cinema português: Relação Fiel e Verdadeira (1987), de Margarida Gil, O Som da Terra a Tremer (1990), de Rita Azevedo Gomes, e A Costa dos Murmúrios (2004), de Margarida Cardoso. Três filmes de realizadoras portuguesas que, ao longo de décadas distintas, ousaram interrogar o íntimo e o histórico através de um olhar radicalmente diferente. As sessões deste ciclo ocorrem, como habitualmente, às terças-feiras na biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, às 21h30. 

Esta terça-feira, dia 17 de Junho, o ciclo prossegue com a exibição do filme O Som da Terra a Tremer (1990), de Rita Azevedo Gomes. Este filme é a primeira longa-metragem da cineasta. Inspirado em obras de Gide, Hawthorne, O Som da Terra a Tremer acompanha um escritor solitário (interpretado por José Mário Branco) que, encerrado no seu apartamento, tenta concluir um romance sobre um marinheiro apaixonado. À medida que a escrita avança, as fronteiras entre ficção e realidade desvanecem-se: as personagens ganham corpo, a narrativa transborda e o autor vê-se aprisionado na própria criação. Uma reflexão subtil sobre a solidão e o poder transformador da literatura.

A obra tem um carácter teatral, com cenários minimalistas e uma forte ênfase na linguagem, aproximando-se mais de uma experiência filosófica do que de uma narrativa convencional. O Som da Terra a Tremer mistura literatura, teatro e cinema de uma forma poética. O filme foi nomeado para o prémio de Melhor Longa-Metragem no Festival Internacional de Cinema Jovem de Turim.

Rita Azevedo Gomes nasceu em Lisboa, em 1952 e estudou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, até à Revolução de 25 de Abril. A cineasta conta com uma importante filmografia, tendo já recebi-do o prémio de carreira no Festival Zinebi – Bilbao (2023). Presente em vários festivais internacionais, foram também nomeados os seus dois últimos filmes A Portuguesa (2018) e O Trio em Mi Bemol (2022) no Festival de Berlim.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras, às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.

Até terça!


quinta-feira, 5 de junho de 2025

Relação Fiel e Verdadeira (1987) de Margarida Gil



por Jessica Sérgio Ferreiro 
 
Entre cartas nunca enviadas, “tremores interiores” e murmúrios coloniais, este ciclo propõe um encontro entre três obras singulares do cinema português: Relação Fiel e Verdadeira (1987), de Margarida Gil, O Som da Terra a Tremer (1990), de Rita Azevedo Gomes, e A Costa dos Murmúrios (2004), de Margarida Cardoso. Realizados por mulheres, mas centrados tanto em sujeitos femininos como masculinos, as cineastas recusam a narrativa linear convencional, preferindo elipses temporais, anacronias várias, analepses ou a metanarrativa. Assim, diluem e moldam o tempo, recriando lugares de memória, espaços e corpos sensíveis, fora do tempo cronológico, para pôr a nu os corpos e seus modelos (o ideal ou a convenção). As três obras fílmicas baseiam-se ainda em “modelos”, ou seja, em várias obras literárias de referência que são reinterpretadas e remoldadas para a imagem em movimento.
 
Entre o íntimo e o político, o real e o imaginário, o tempo e a espera, estas são narrativas feitas de imagens que evocam e, subsequentemente, convocam o espectador. Em Relação Fiel e Verdadeira (1987), Margarida Gil reinventa o epistolar como gesto de clausura e revolta. Em O Som da Terra a Tremer (1990), de Rita Azevedo Gomes, e protagonizado por José Mário Branco, propõe um retrato masculino, filtrado por uma sensibilidade poética e distanciada, onde as personagens femininas estão fora do controlo do protagonista, desmontando o sujeito patriarcal e expondo a sua fragilidade. Já em A Costa dos Murmúrios (2004), Margarida Cardoso convoca o corpo feminino como espaço de memória colonial e trauma silenciado. As realizadoras rejeitam o modelo clássico e abraçam uma linguagem do cinema como escrita sensível da(s) história(s), não como reconstituição factual, mas como manifestação subjectiva, crítica e poética. Rejeitam o olhar dominante que fixa a mulher como objeto ou modelo (e/ou musa) e constroem, em vez disso, um cinema onde o tempo é sensível e a narrativa emerge por fragmentos — como se a própria linguagem tivesse de ser reinventada para dar lugar a outras histórias, outros corpos, outras vozes e, sobretudo, diferentes olhares e diferentes imagens.
 
Nesta primeira sessão do ciclo Modelo e Corpo: Subversões no Cinema Português, apresentamos o filme Relação Fiel e Verdadeira (1987) de Margarida Gil, que se baseia na obra Fiel e verdadeira relação que dá dos sucessos de sua vida a creatura mais ingrata a seu Criador..., escrita por Antónia Margarida de Castelo Branco, que relata os acontecimentos marcantes da sua vida conjugal. Segundo a Direcção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), Antónia Margarida uniu-se em matrimónio, em 1670, com Brás Teles de Meneses e Faro, um fidalgo boémio e arruinado pelo vício do jogo. Após oito anos de casamento marcados por sucessivos maus-tratos infligidos pelo marido, decidiu recolher-se no Mosteiro de Santos. Em março de 1679, ingressou como noviça no Convento da Madre de Deus de Xabregas, onde professou votos no dia 31 de março de 1680, adoptando o nome de soror Clara do Santíssimo Sacramento. 
 
Margarida Gil pega nesta história do conturbado período pós-Restauração e trá-la para o, não menos agitado, pós 25 de abril, quando as elites são igualmente escrutinadas (ex. quando, no filme, é dito que o pai de Brás contrabandeava diamantes das ex-colónias). Apesar do anacronismo consumado, a estória não se apresenta como anacrónica, pois a realizadora põe à mostra o carácter trans-histórico das categorias “homem” e “mulher”, fixadas ao longo do tempo. A condição da mulher antes do 25 de abril não era muito diferente da de uma mulher do século XVII, nascida para casar e manter-se fiel, ora à casa do pai, ora ao marido. Poucos ou nenhuns direitos detinha, tida como propriedade, podia ser morta sem consequências, como é referido na cena do filme em que Brás pede à Antónia que escreva num papel o seguinte: “Dou licença ao meu marido para que me mate, se ele assim o entender, e que ninguém lhe possa pedir contas da minha vida, porque ma tira com muita razão”. Cena, esta, que alude à lei vigente durante o Estado Novo e até 1975 (artigo 372.º do Código Penal), que “autorizava” o feminicídio e “aligeirava” a pena do cônjuge, condenando apenas ao “desterro para fora da comarca por seis meses ao homem casado que, achando sua mulher em adultério, a matar a ela ou ao adúltero, ou a ambos, ou lhes fizer qualquer ofensa grave (…)” e cujas “provas” da ofensa a apresentar eram irrisórias (ver artº em Diário da Républica).
 
Em suma, a violência de género arquissecular é transporta para a narrativa fílmica por Margarida Gil, como sumarizado pela realizadora à Cinemateca: “O casal é um microcosmo que permite interrogar-nos sobre os limites do amor e da dádiva, do horror e da abjeção, da tortura e do martírio a que alguém pode chegar. Como exprimem as relações de afecto a realidade das relações de poder?”
 
Relação Fiel e Verdadeira é um filme que se aproxima da História como se ela fosse um sonho mal resolvido, em que nunca se sabe o que é verdadeiro, o que foi escrito e o que ficou por dizer. Inspirando-se livremente num testemunho autobiográfico do século XVII, remete-nos também, por aproximação e oposição, para outro relato literário – Cartas Portuguesas (1669) – atribuídas a Soror Mariana Alcoforado e, por sua vez, às Novas Cartas Portuguesas (1972) de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, livro proibido pela censura e cujas autoras foram levadas a tribunal por “atentado ao pudor” e não como mulheres com agência política. Estas obras aventuram-se pelos mistérios do íntimo feminino sem nunca realmente os desvelar, pois remetem-nos sempre para a performance, ou seja, para a escrita, o epistolar e/ou a narrativa criativa. De forma análoga, Margarida Gil rasga o véu da reconstituição factual, o que  interessa não é o passado como documento, mas como fantasma ou como sombra. A câmara não se ocupa de confirmar datas ou rever figurinos, mas procura ecoar os passos de Antónia Margarida, figura trágica e difusa, mas atemporal, mais presença do que personagem.
 
O filme é uma contradição viva: inscreve-se no cinema de época, mas com uma recusa declarada do naturalismo. Carros circulam por entre torres setecentistas e jogos de cartas ocorrem sob luz fluorescente (cena em que é possível ver João César Monteiro e João Bénard da Costa enquanto jogadores de póquer). Há uma liberdade plástica — quase iconoclasta — que rompe com qualquer vontade de “verosimilhança”. Estamos num tempo outro, simultaneamente barroco e contemporâneo, onde a “verdade” não é reconstituída, mas intuída.
 
Margarida Gil explora o silêncio não como ausência, mas como forma de espera. A montagem, descontinuada e por vezes abrupta, lembra-nos que não estamos num fluxo narrativo, mas numa arqueologia subjectiva. Antónia — interpretada por Catarina Alves Costa (também realizadora) — não é apenas uma mulher. É um espaço, uma ruína. Um testemunho gravado a lume lento no corpo de uma atriz que nunca parece representar, apenas habitar.
 
Tal como no diário pessoal, o tempo não é cronológico. Há repetições, avanços bruscos, zonas de sombra. Brás, o marido, mais figura de um “masculino” do que homem, torna-se espelho de uma violência insidiosa, regular e quotidiana. Brás acusa Antónia de ser mentirosa, de não ser verdadeira (apesar de fiel), perplexo frente aos mistérios do feminino e por Antónia nunca revelar o seu íntimo, nunca expressar o que sente ou se realmente o ama ou despreza. O silêncio e o insondável expressam, aqui, a resignação ou a resistência? A “relação” do título é dupla: o relato e o vínculo, e talvez ambos sejam, paradoxalmente, infiéis. Por fim, Margarida Gil mantém-se fiel ao cinema como arte e àquilo que não se pode dizer, deixando para o espectador significar e ressignificar. 
 
 

domingo, 1 de junho de 2025

401ª sessão: dia 3 de Junho (Terça-Feira), às 21h30


“Relação Fiel e Verdadeira” de Margarida Gil, esta terça-feira no Lucky Star- Cineclube de Braga

 
Para o mês de Junho, o Lucky Star- Cineclube de Braga propõe um ciclo intitulado “Modelo e Corpo: Subversões no Cinema Português”. O ciclo reúne três obras singulares do cinema português: Relação Fiel e Verdadeira (1987), de Margarida Gil, O Som da Terra a Tremer (1990), de Rita Azevedo Gomes, e A Costa dos Murmúrios (2004), de Margarida Cardoso. Três filmes de realizadoras portuguesas que, ao longo de décadas distintas, ousaram interrogar o íntimo e o histórico através de um olhar radicalmente diferente. As sessões deste ciclo ocorrem, como habitualmente, às terças-feiras na biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, às 21h30. 

Esta terça-feira, dia 3 de Junho iniciamos o ciclo com Relação Fiel e Verdadeira (1987), de Margarida Gil. O filme é uma adaptação da autobiografia manuscrita de Antónia Margarida de Castelo Branco, intitulada “Fiel e verdadeira relação que dá dos sucessos de sua vida a creatura mais ingrata a seu Criador...”, escrita em 1685. O título “Relação Fiel e Verdadeira” joga com o duplo sentido da palavra “relação”, referindo-se tanto ao relato autobiográfico quanto ao relacionamento conjugal retratado no filme. O filme foi apresentado no Festival Internacional de Cinema de Veneza.

Relação Fiel e Verdadeira retrata o quotidiano opressivo de um casamento entre membros da aristocracia rural do Norte de Portugal. Apesar da violência, num ambiente marcado por estruturas de poder patriarcal, a protagonista, submissa e lacerada entre dever e desejo, esforça-se por manter-se fiel ao marido. À medida que a relação se torna insustentável, encontra no recolhimento do convento a possibilidade de resistência e libertação interior. Um retrato austero e intimista da clausura feminina que antecipa o olhar singular da realizadora sobre o universo das mulheres.

Margarida Gil é uma importante cineasta portuguesa após o 25 de abril, tendo sido, ainda, assistente de realização em diversas obras do realizador João César Monteiro. Juntos fundaram a produtora Monteiro & Gil, cuja primeira produção fílmica foi “Relação Fiel e Verdadeira”, também primeira longa-metragem de ficção de Margarida Gil.

As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras, às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.

Até terça-feira!