Para terminar o nosso ciclo dedicado ao programador, actor, escritor e cinéfilo extraordinário que foi João Bénard da Costa, vamos exibir o documentário que Manuel Mozos, cineasta português que o conheceu muito bem, lhe dedicou em 2014: João Bénard da Costa: Outros Amarão as Coisas que Eu Amei será então a nossa próxima sessão na Casa do Professor.
Em entrevista a Ana Isabel Fernandes, para a Delfos, e sobre o processo de selecção de excertos do grande espólio escrito de Bénard da Costa para o filme, Mozos disse que "não foi fácil porque ele tem muita coisa escrita. Eu e outra pessoa que trabalhou comigo, o Luís Nunes, (o assistente de realização e depois de montagem que trabalhou na investigação e pesquisa de todo o espólio do João), começámos por ler o que ele deixou e, a partir daí, fizemos uma espécie de planificação sobre os assuntos que ele abordava. Havia textos só de pintura ou sobre cinema, sobre algum autor literário ou de carácter filosófico ou moral. Primeiro, fizemos essa selecção embora, em alguns textos, se encontrem mais do que um assunto ou mais do que algum tema. Depois, há medida que íamos avançando também nas filmagens, íamos escolhendo os textos que nos pareciam mais importantes para com o que queríamos com o filme. Ao escolhermos determinados excertos de determinados filmes, fomos buscar mais os textos que diziam respeito a esses mesmos filmes. Havia outros sobre os quais ele escreveu, mas fomos pondo de parte. Foi nessa progressão, digamos, que fomos fazendo a selecção dos textos e, obviamente, mesmo até à última houve muitas coisas que tenho pena de não estarem no filme. O cinema, contudo, também é assim, tem de se tomar opções. Aqueles que estão no filme são aqueles que achámos mais interessantes e mais correctos para o que pretendíamos."
Em entrevista a Ana Isabel Fernandes, para a Delfos, e sobre o processo de selecção de excertos do grande espólio escrito de Bénard da Costa para o filme, Mozos disse que "não foi fácil porque ele tem muita coisa escrita. Eu e outra pessoa que trabalhou comigo, o Luís Nunes, (o assistente de realização e depois de montagem que trabalhou na investigação e pesquisa de todo o espólio do João), começámos por ler o que ele deixou e, a partir daí, fizemos uma espécie de planificação sobre os assuntos que ele abordava. Havia textos só de pintura ou sobre cinema, sobre algum autor literário ou de carácter filosófico ou moral. Primeiro, fizemos essa selecção embora, em alguns textos, se encontrem mais do que um assunto ou mais do que algum tema. Depois, há medida que íamos avançando também nas filmagens, íamos escolhendo os textos que nos pareciam mais importantes para com o que queríamos com o filme. Ao escolhermos determinados excertos de determinados filmes, fomos buscar mais os textos que diziam respeito a esses mesmos filmes. Havia outros sobre os quais ele escreveu, mas fomos pondo de parte. Foi nessa progressão, digamos, que fomos fazendo a selecção dos textos e, obviamente, mesmo até à última houve muitas coisas que tenho pena de não estarem no filme. O cinema, contudo, também é assim, tem de se tomar opções. Aqueles que estão no filme são aqueles que achámos mais interessantes e mais correctos para o que pretendíamos."
Por alturas do lançamento do filme em sala, Inês Lourenço, autora do programa A Grande Ilusão da Antena 2, escreveu que "estreia finalmente o documentário de Manuel Mozos que encheu a sala principal do Cinema São Jorge, na última edição do Festival Doclisboa. João Bénard da Costa é a figura incontornável deste labor memorialista, que não obedece em demasia a uma conotação biográfica. Além da afluência de espectadores, o que pairou no final dessa sessão foi qualquer coisa de inefável. Como o era, aliás, tudo o que o gosto arrebatado e poético de Bénard da Costa nomeava.
"Seguindo por alguns dos seus escritos, lidos em voz off - peças de estilo inconfundível, que criavam literatura em torno de um filme ou de um quadro - Manuel Mozos vai intercalando memórias, lugares e imagens de algumas das obras que João Bénard da Costa confundia com a própria vida. Como se a beleza se tornasse uma propriedade concreta daquilo que o programador e diretor da Cinemateca (por 18 anos) tinha em alta estima. Daí que o verso de Sophia de Mello Breyner Andresen traduza de maneira singular do que trata este magnífico filme: "Outros amarão as coisas que eu amei". Somos compelidos aqui, quase sem nos apercebermos, a fazê-lo."
No seu antigo blog, Some like it cool, Carlos Melo Ferreira diz que "o João Bénard foi uma das grandes singularidades do primeiro século do cinema em Portugal e era importante que a sua memória fosse preservada e transmitida pelo cinema. A sua actividade de grande programador e grande crítico, a esse título grande autor e grande escritor, marcou mais do que uma geração, e urgia que pudesse ser recordada de forma fiel e sistemática pelo próprio cinema.
"Seguindo por alguns dos seus escritos, lidos em voz off - peças de estilo inconfundível, que criavam literatura em torno de um filme ou de um quadro - Manuel Mozos vai intercalando memórias, lugares e imagens de algumas das obras que João Bénard da Costa confundia com a própria vida. Como se a beleza se tornasse uma propriedade concreta daquilo que o programador e diretor da Cinemateca (por 18 anos) tinha em alta estima. Daí que o verso de Sophia de Mello Breyner Andresen traduza de maneira singular do que trata este magnífico filme: "Outros amarão as coisas que eu amei". Somos compelidos aqui, quase sem nos apercebermos, a fazê-lo."
No seu antigo blog, Some like it cool, Carlos Melo Ferreira diz que "o João Bénard foi uma das grandes singularidades do primeiro século do cinema em Portugal e era importante que a sua memória fosse preservada e transmitida pelo cinema. A sua actividade de grande programador e grande crítico, a esse título grande autor e grande escritor, marcou mais do que uma geração, e urgia que pudesse ser recordada de forma fiel e sistemática pelo próprio cinema.
"Ora Mozos não é um cineasta qualquer nem um documentarista acidental, tem muito boas provas dadas de persistência e amor ao cinema, o que a investigação investida neste filme e a forma como ele é construído confirma de forma exuberante. De facto, pelas imagens e palavras do próprio João Bénard da Costa é toda uma vida apaixonada e todo um pensamento apaixonante que não se ficaram pelo cinema que nos são restituídos, com o comentário do belíssimo poema da Sophia dito pela Ana Maria."
Até Quinta!
Até Quinta!
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