quarta-feira, 26 de julho de 2023

The River (1928) de Frank Borzage



por Alexandra Barros

Fechamos o ciclo dedicado a Frank Borzage, com um filme que rima com aquele que lhe deu início, Lucky Star. Rima no poder do amor e nos seus milagres: cura impossível, em Lucky Star; ressuscitação, em The River. Tanto num como no outro filme, os apaixonados (mais ou menos) relutantes, quanto mais se afastam mais se aproximam. Vencidos pela paixão, ou melhor, vencedores pela paixão, 1+1=1: um abraço em que os “abraçantes” se tornam indistinguíveis, após uma penosa caminhada na neve; o regresso de um corpo enregelado à vida pelo calor que o outro reparte. Final feliz. Felizes para sempre? Pelo menos, felizes por agora. 

“Que estranho caminho tive de percorrer para chegar a ti”[1] , poderia qualquer um destes enamorados dizer no final, fossem estes filmes falados. Qualquer história de amor, no cinema ou seja onde for, só pode ser história se incluir um estranho caminho. Amores sem história são lagos. Os dos filmes de Borzage são rios. 

“Este amor que surgiu insuspeitado  
E que dentro do drama fez-se em paz [...] 
Este amor meu é como um rio; um rio 
Noturno interminável e tardio [...] 
E que em seu curso sideral me leva 
Iluminado de paixão na treva” 
Soneto do amor como um rio (excertos), Vinicius de Moraes  

Em Setembro regressamos para mais histórias, mais amor, mais estranhamentos! Boas férias!

[1] Pickpocket, Robert Bresson.



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