Bertrand Tavernier é um dos mais míticos cinéfilos do mundo, tendo programado com Pierre Rissient o cinema MacMahon, que apresentou à França cineastas como Raoul Walsh, Jacques Tourneur ou Leo McCarey, tendo escrito para a Présence du Cinéma e a Positif, trabalhando como assistente de realização ou assessor de imprensa para cineastas como Jean-Luc Godard, Riccardo Freda ou Jean-Pierre Melville, enveredando depois pela realização, com filmes como Coup de Tourchon, Round Midnight, ou Quai d'Orsay, uma das melhores comédias dos últimos anos. O seu último filme é um documentário sobre o cinema francês, que será a nossa próxima sessão. Devido à sua duração, será exibido uma hora mais cedo, nas salas de cinema do Braga Shopping.
A Jean-Jacques Manzanera, e falando da génese e dos objectivos deste filme, Tavernier disse que "realmente, eu tinha reformulado constantemente as minhas obras, mas elas só reflectiam uma parte dos meus muitos centros de interesse. Fazer um documentário sobre o cinema francês em vez do cinema americano facilitava a tarefa do trabalho no terreno em relação a direitos. Tendo trabalhado com os americanos, sabia que não dispunha dos contactos de que Martin Scorsese pôde beneficiar. Teria sido necessário trabalhar nos Estados Unidos, em Los Angeles, contactar os estúdios. No limite, trata-se da parte acessória da explicação: eu queria falar especialmente de cineastas que tinham feito e fizeram sempre parte da minha vida. Falar não como crítico ou historiador mas como cineasta e espectador que tinha mantido lembranças divertidas, bem humoradas e maravilhadas em relação à descoberta destes filmes. Queria mostrar quão vivos estavam estes filmes, que não pertenciam a um passado desaparecido, que não faziam parte de um museu Grévin de cera qualquer, mas que podiam, pelo contrário, iluminar o presente. Podiam aguçar também uma curiosidade necessária aos nossos tempos, se quisermos escapar."
No Ciné-club de Caen, Jean-Luc Lacuve escreve que "para Bertrand Tavernier, a beleza de um filme não resulta tanto da qualidade da mise en scène, entendida como a expressão de um autor, mas como a assembleia bem sucedida das qualidades do trabalho dos actores, dos responsáveis pela decoração, dos músicos ou dos argumentistas.
"Na sua exploração do cinema francês, Tavernier procura também revelar o que é que o nosso cinema nacional tem de especificamente francês. Ele encontra ligações mais ou menos explícitas entre realizadores tão diferentes como Bresson, Becker e Melville, enfatizando a atenção obsessiva que estes cineastas prestam aos gestos e aos rituais quotidianos."
Já Carlos Melo Ferreira, escreveu que "Uma Viagem pelo Cinema Francês com Bertrand Tavernier/Voyage à travers le cinéma français, de Bertrand Tavernier (2016), é um filme muito bom e completo sobre uma das cinematografias mais importantes da Europa e do mundo, feito a partir do ponto de vista e da experiência do cineasta desde a sua infância.
"Sempre com recurso a excertos de filmes e declarações dos envolvidos na sua produção, começa com Jacques Becker e termina com Claude Sautet, aos quais é dedicado. Fica bem ao cineasta deter-se, além de Jean Renoir, Jean Gabin, Jean Vigo, Marcel Carné, Jacques Prévert e Jean-Pierre Melville, nos menos conhecidos Edmond T. Gréville e John Berry entre outros, bem como em Eddie Constantine, que o marcaram e são raramente referidos.
A Jean-Jacques Manzanera, e falando da génese e dos objectivos deste filme, Tavernier disse que "realmente, eu tinha reformulado constantemente as minhas obras, mas elas só reflectiam uma parte dos meus muitos centros de interesse. Fazer um documentário sobre o cinema francês em vez do cinema americano facilitava a tarefa do trabalho no terreno em relação a direitos. Tendo trabalhado com os americanos, sabia que não dispunha dos contactos de que Martin Scorsese pôde beneficiar. Teria sido necessário trabalhar nos Estados Unidos, em Los Angeles, contactar os estúdios. No limite, trata-se da parte acessória da explicação: eu queria falar especialmente de cineastas que tinham feito e fizeram sempre parte da minha vida. Falar não como crítico ou historiador mas como cineasta e espectador que tinha mantido lembranças divertidas, bem humoradas e maravilhadas em relação à descoberta destes filmes. Queria mostrar quão vivos estavam estes filmes, que não pertenciam a um passado desaparecido, que não faziam parte de um museu Grévin de cera qualquer, mas que podiam, pelo contrário, iluminar o presente. Podiam aguçar também uma curiosidade necessária aos nossos tempos, se quisermos escapar."
No Ciné-club de Caen, Jean-Luc Lacuve escreve que "para Bertrand Tavernier, a beleza de um filme não resulta tanto da qualidade da mise en scène, entendida como a expressão de um autor, mas como a assembleia bem sucedida das qualidades do trabalho dos actores, dos responsáveis pela decoração, dos músicos ou dos argumentistas.
"Na sua exploração do cinema francês, Tavernier procura também revelar o que é que o nosso cinema nacional tem de especificamente francês. Ele encontra ligações mais ou menos explícitas entre realizadores tão diferentes como Bresson, Becker e Melville, enfatizando a atenção obsessiva que estes cineastas prestam aos gestos e aos rituais quotidianos."
Já Carlos Melo Ferreira, escreveu que "Uma Viagem pelo Cinema Francês com Bertrand Tavernier/Voyage à travers le cinéma français, de Bertrand Tavernier (2016), é um filme muito bom e completo sobre uma das cinematografias mais importantes da Europa e do mundo, feito a partir do ponto de vista e da experiência do cineasta desde a sua infância.
"Sempre com recurso a excertos de filmes e declarações dos envolvidos na sua produção, começa com Jacques Becker e termina com Claude Sautet, aos quais é dedicado. Fica bem ao cineasta deter-se, além de Jean Renoir, Jean Gabin, Jean Vigo, Marcel Carné, Jacques Prévert e Jean-Pierre Melville, nos menos conhecidos Edmond T. Gréville e John Berry entre outros, bem como em Eddie Constantine, que o marcaram e são raramente referidos.
"Lamento, contudo, que a referência à nouvelle vague francesa seja tão breve e selectiva, deixando de fora Rivette e Rohmer, por exemplo, e que René Clair, Robert Bresson, Henri-Georges Clouzot, Jean Rouch, Alain Resnais e Jacques Tati sejam pouco referidos, quando não omitidos. Mas tal dever-se-á provavelmente a ele ser um homem da Positif, uma importante e antiga revista francesa de cinema, o que o faz estar atento aos compositores Maurice Jaubert e Joseph Kosma."
Até Terça-Feira!
Até Terça-Feira!
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