Filme de Howard Hawks abre ciclo de cinema
Durante os meses de Setembro e Outubro, o Lucky Star – Cineclube de Braga vai exibir doze filmes
em parceria com os Encontros da Imagem. O ciclo tem como mote o tema dos Encontros deste ano,
“Ensaio para o Futuro”, e será dedicado à memória de Carlos Fontes.
O primeiro filme do ciclo, exibido na próxima Quinta-Feira às 21h30, é A Terra dos Faraós, de Howard Hawks, um
grandioso épico na senda de Cecil B. DeMille com Jack Hawkins, Joan Collins e Dewey Martin nos
papéis principais. Rodado em exteriores no Egipto, o filme contou com milhares de figurantes. Foi o
primeiro insucesso comercial do realizador norte-americano, que parou de filmar quatro anos até
regressar com o famosíssimo western Rio Bravo.
O filme de 1955 retrata o projecto de vida do faraó Khufu (interpretado por Hawkins), que incumbe o
arquitecto Vashtar de lhe construir a pirâmide mais sumptuosa e mais segura jamais feita para guardar o
seu grande tesouro e conseguir a imortalidade. Se o arquitecto levar a demanda a bom termo, o faraó
liberta o seu povo. Mas a princesa Nellifer (Joan Collins) tem outros planos para o tesouro do marido.
Em «Hawks at Work», artigo sobre o livro Hollywood sur Nil de Noel Howard (sobre a rodagem de
A Terra dos Faraós), escrito em 1990 para o jornal Modern Times, o crítico norte-americano Bill
Krohn escreveu que “a imortalidade—um tema que surge mais do que uma vez nos filmes de
Hawks—é a preocupação dos artistas, e no discurso do Faraó ao seu filho ele equipara o ouro que
acumulou ao poder, outra preocupação que os artistas partilham com os tiranos.”
“Creio que Hawks,” escreve Krohn mais à frente, “que sempre negou ser um artista (isso significaria
admitir a sua afinidade com Oscar Jaffe), fez “A Terra dos Faraós” por uma razão óbvia. Tentou criar
uma obra-prima que vivesse para sempre.”
Um dos maiores admiradores do filme é o cineasta Pedro Costa, que o descreveu também em 1990 num
fabuloso texto para o catálogo da Cinemateca Portuguesa dedicado a Hawks como “um longo pesadelo.
É um filme negro, sufocante e perdido desde o princípio. Só lá poderemos entrar perdidos também.”
As sessões do Lucky Star - Cineclube de Braga ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da
Silva, durante este ciclo às terças e quintas-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes e
utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.
Até Quinta-Feira!
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