“Cruel Vitória” para ver no cineclube
Este mês de Março, o Lucky Star – Cineclube de Braga exibe quatro longas-metragens do cineasta norte-americano Nicholas Ray no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.
O corrente ciclo, intitulado “Mais do que cinema - Os filmes de Nicholas Ray”, continua terça-feira às 21h30 com a exibição de Cruel Vitória, com Richard Burton e Curd Jürgens nos papéis de um capitão e de um major que são entrevistados para liderar uma missão perigosa atrás das linhas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial, na Campanha do Deserto Ocidental.
Nicholas Ray nasceu Raymond Nicholas Kienzle Jr. em Galesville, no Winsconsin, em 1911, falecendo aos 67 anos em Nova Iorque, a 16 de Junho de 1979. Trabalhou no sistema de estúdios de Hollywood durante os anos quarenta, cinquenta e sessenta, chamando a atenção dos críticos da revista francesa Cahiers du Cinéma, que mais tarde se tornariam também realizadores.
Influenciou ainda toda uma geração de jovens cineastas durante a década de setenta, alunos e admiradores como os americanos Jim Jarmusch, Dennis Hopper e Jon Jost ou o alemão Wim Wenders, que terminou com ele uma última obra, Lightning Over Water.
“Nunca antes as personagens de um filme pareceram tão próximas e ao mesmo tempo tão distantes,” escreveu Jean-Luc Godard sobre este filme. “Confrontados com as ruas desertas de Benghazi ou com as dunas, pensamos de repente e pelo espaço de um segundo noutra coisa - os snack-bars nos Campos Elísios, uma rapariga de quem se gostava, tudo e mais alguma coisa, mentiras, a perfídia das mulheres, a futilidade dos homens, jogar nas slot machines.”
“Porque Cruel Vitória não é um reflexo da vida,” continuava o franco-suíço, “é a própria vida transformada em filme, vista por detrás do espelho em que o cinema a intercepta. É ao mesmo tempo o mais directo e o mais secreto dos filmes, o mais subtil e o mais bruto. Não é cinema, é mais do que cinema.”
“Como se pode falar de um filme destes,” terminava. “Qual é o sentido de dizer que o encontro entre Richard Burton e Ruth Roman enquanto Curt Jurgens observa é montado com um brio fantástico? Talvez esta tenha sido uma das cenas durante as quais fechámos os olhos. Porque Cruel Vitória faz-nos fechar os olhos, como o sol. A verdade cega.”
As sessões do cineclube ocorrem sempre às terças-feiras, às 21h30, e a entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do Lucky Star têm entrada livre.
Até Terça!
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