Primeiro filme de Kinuyo Tanaka para ver no cineclube
No mês de Novembro, o Lucky Star – Cineclube de Braga vai exibir quatro filmes, iniciando o mês com um lançamento e uma carta branca ao escritor covilhanense Manuel da Silva Ramos e promovendo um pequeno ciclo de três filmes dedicado à cineasta japonesa Kinuyo Tanaka.
A partir de amanhã, o foco será sobre Kinuyo Tanaka, actriz e realizadora japonesa nascida em 1909 e falecida em 1977. Como intérprete, foi mesmo uma das mais famosas actrizes do Japão e apareceu em mais de 200 filmes, trabalhando com cineastas tão importantes como Yasujiro Ozu, Hiroshi Shimizu, Kenji Mizoguchi, Mikio Naruse e Akira Kurosawa.
Foi premiada no Japão e em Berlim, ganhando o Urso de Ouro para Melhor Actriz em 1975 pela sua interpretação em Sandakan hachibanshokan bohkyo de Kei Kumai.
Entre 1953 e 1962, Tanaka realizou seis longas-metragens, tornando-se a segunda mulher japonesa a trabalhar como realizadora depois de Tazuzo Sakane, que fez quinze filmes durante os anos trinta e quarenta, conhecendo-se apenas o paradeiro de um deles, Kaitaku no Hanayome, um filme de propaganda produzido pelos estúdios Manchukuo em 1943.
Distribuída recentemente pela The Stone and the Plot, toda a obra de Kinuyo Tanaka está agora disponível em Portugal. Dos seis filmes da realizadora, o cineclube exibirá, para já, apenas os primeiros três: Carta de Amor amanhã à noite, A Lua Ascendeu no dia 21 e Para Sempre Mulher no dia 28.
Carta de Amor é a adaptação de um romance de Fumio Niwa, que escreveu o guião com Keisuke Kinoshita, sobre um homem que cinco anos depois do final da Segunda Guerra consegue um emprego a traduzir cartas de amor de prostitutas japonesas dirigidas a soldados americanos.
Num texto para o projecto Sala de Projecção, precisamente sobre a obra de Tanaka, Maria João Madeira descreveu Carta de Amor como um filme “em que se reflectem as feridas do pós-guerra numa sociedade que prosseguia brutal no olhar que lançava às mulheres. A essa brutalidade responde um grande plano da personagem interpretada por Yoshiko Kuga, já perto do fim, que tem de ser visto para que se sinta o acossamento, a dor, a incredulidade, a recusa de mais palavras, a convulsão e a contenção.”
As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva às terças-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes e utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.
Até amanhã!
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