Sessão dupla dedicada ao cineclubismo português
Este mês de Abril, o Lucky Star – Cineclube de Braga associa-se ao Sindicato dos Professores do Norte e a outras entidades para promover um ciclo dedicado aos cinquenta anos do 25 de Abril. As sessões realizam-se às terças-feiras às 21h30 no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.
O ciclo, intitulado “50 Anos de Liberdade - Onde Estamos Nós no 25 de Abril?”, continua amanhã à noite com a exibição do clássico de Sergei Eisenstein, O Couraçado Potemkine, estreado em Portugal apenas após o 25 de Abril, e Auto da Floripes, da Secção de Cinema Experimental do Cineclube do Porto, filme muito pouco visto que regista e situa a encenação popular do Auto da Floripes na freguesia de Nossa Senhora das Neves, a quinze quilómetros de Viana do Castelo.
Dedicada ao movimento cineclubista antes, durante e depois do 25 de Abril, esta sessão dupla contará com a presença do arquitecto Alexandre Alves Costa, filho do co-fundador do Cineclube do Porto, Henrique Alves Costa, para uma pequena conversa com o público.
Proibido durante o Estado Novo pela censura, Potemkine estreou-se em Portugal a 2 de Maio de 1974, no Cinema Império, em sessão dupla com Jaime de António Reis. É o filme mais célebre de Eisenstein e celebra o motim de um grupo de marinheiros a bordo de um couraçado. O acontecimento e o sentimento de revolta alastram-se para as ruas de Odessa.
“Surpreendeu-me o mais agradavelmente possível o filme do Cine-Clube,” escreveu Manoel de Oliveira sobre Auto da Floripes. “A frescura, a simplicidade, a naturalidade — sem nenhum pretensiosismo balofo — da visão documental da aldeia e seus hábitos vulgares, criam um estilo próprio, inédito no cinema português, muito português, muito minhoto, cheio de real bucolismo e candura próprios. Por aqui se vê quanto pode ser frutuoso um trabalho honesto.”
“Há quem não goste,” continuava, “deste termo “honesto”. Eu, porém, gosto de usá-lo na sua acepção integral. E acho que aqui a palavra assenta, a todos os títulos como uma luva, e direi até que ela se desprende a todo o momento e de imagem para imagem deste delicioso documentário tão fresco e leve como o vinho verde retinto, maravilhosamente colorido em kodacromo.”
As sessões do mês de Abril ocorrem sempre às terças-feiras, às 21h30, e a entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do Lucky Star e do Sindicato dos Professores do Norte têm entrada livre.
Até Terça-Feira!
Sem comentários:
Enviar um comentário