“Torre Bela” de Thomas Harlan no cineclube
Este mês de Abril, o Lucky Star – Cineclube de Braga associa-se ao Sindicato dos Professores do
Norte e a outras entidades para promover um ciclo dedicado aos cinquenta anos do 25 de Abril. As
sessões realizam-se às terças-feiras às 21h30 no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.
O ciclo, intitulado “50 Anos de Liberdade - Onde Estamos Nós no 25 de Abril?”, continua hoje à
noite com a exibição do documentário de Thomas Harlan, Torre Bela, estreado em 1977 no
Festival de Cannes e que conta com as participações de trabalhadores agrícolas do Ribatejo, Zeca
Afonso, Francisco Fanhais, Vitorino ou Camilo Mortágua. A sessão contará com a presença do
professor universitário Manuel Carlos Silva.
O filme debruça-se sobre a herdade de Torre Bela, no Ribatejo, a maior de Portugal com dois mil
hectares mas sem qualquer tipo de cultivo, que é ocupada por trabalhadores agrícolas sem trabalho
nem terras que formam uma cooperativa durante o PREC para aí produzirem bens de primeira
necessidade. Thomas Harlan, que já se tinha envolvido com o movimento de resistência contra
Augusto Pinochet no Chile, em 1974, acompanha todo o processo.
Num texto para o nº 301 da Cahiers du Cinéma, Serge Daney escreveu que o filme de Harlan “é,
antes de mais, um documento extraordinário, como por vezes acontece no seio de lutas ou de
situações limite, quando a obstinação de “continuar a filmar” prevalece sobre todas as ideias,
recebidas ou não, daquele que filma. Os amantes de “real”, os canibais do “instante” (nos quais nos
incluímos) ficarão siderados com o filme de Thomas Harlan."
“Dificilmente teremos visto uma outra colectividade,” continuava Daney, “na sua singularidade, ela
própria constituída de singularidades, construir-se e desconstruir-se, envolta num processo político
no qual ela é a verdade cega, o ponto de utopia.”
Em entrevista ao mesmo Serge Daney, Thomas Harlan disse que “na Torre Bela víamos coisas que
jamais tínhamos visto, ou sonhado ver. E sem dúvida que os habitantes da Torre Bela poderiam
dizer o mesmo: faziam coisas que, sem dúvida, nunca tinham pensado fazer anteriormente. [...] Era
preciso que, quer nós quer eles, inventássemos o dia-a-dia.”
As sessões do mês de Abril ocorrem sempre às terças-feiras, às 21h30, e a entrada custa um euro
para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios
do Lucky Star e do Sindicato dos Professores do Norte têm entrada livre.
Até Terça!
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