Segunda longa de Reis e Cordeiro para ver no Theatro Circo
No mês de Agosto, o Lucky Star – Cineclube de Braga exibe as três longas-metragens assinadas por Margarida Cordeiro e António Reis, bem como as primeiras curtas-metragens de António Reis. As sessões realizam-se às segundas-feiras no pequeno auditório do Theatro-Circo e as cópias foram cedidas e digitalizadas pela Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema.
Margarida Martins Cordeiro (Bemposta, 1938) e António Ferreira Gonçalves dos Reis (Valadares, 1927) conheceram-se no Porto entre finais dos anos sessenta e inícios dos anos setenta. Ela, médica psiquiatra, ele poeta e cineclubista. Juntos, criaram uma das obras mais inclassificáveis não só do cinema português, como do cinema mundial.
A retrospectiva continua segunda à noite, às 21h30, com a exibição de Ana, a segunda longa-metragem assinada em conjunto pelos dois cineastas. Com fotografia de Acácio de Almeida, tal como Trás-os-Montes, o filme é protagonizado por Ana Maria Martins Guerra, mãe de Margarida Cordeiro, que interpreta uma versão ficcionada de si própria.
A longa é sobre três gerações de uma família transmontana. Uma avó, Ana, um filho antropólogo que vive na cidade e passa férias na aldeia, e duas crianças, neto e neta, ela também Ana. Filmado com a família de Margarida Cordeiro e António Reis, a obra é dominada pela figura da mãe e avó que lhe dá o nome, e começa num dia “em que a neve e o vento eram mais puros.”
A sessão será apresentada por Cristina Fernandes, escritora e tradutora natural do Porto que publicou recentemente C de C, um livro que reúne vários dos seus textos sobre cinema e não só. Mantém o blog bicho ruim com Rui Manuel Amaral.
No Diário de Notícias de 30 de Junho de 1983, o cineasta francês Joris Ivens escreveu sobre este filme de António Reis e Margarida Cordeiro, dizendo que “há proliferação de símbolos em Ana, símbolos que são também signos, um código: a história, a mitologia com o discurso sabedor do professor. Flash-backs de 5000 anos!”
“E Reis e Cordeiro,” prosseguia, “têm a coragem de recuar no tempo e no espaço, dizendo-nos: são as mesmas, são as mesmas gentes; os mesmos movimentos da humanidade que, finalmente, têm lugar nesta casa, é o próprio ciclo da vida: as montanhas, a água, o rio, e a relação do homem com a natureza, com o animal.”
As sessões do cineclube ocorrem este mês às segundas-feiras, às 21h30, no pequeno auditório do Theatro Circo. Os sócios do Lucky Star - Cineclube de Braga têm entrada livre.
Até Segunda-Feira!
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