O último filme realizado por Kinuyo Tanaka, terça-feira na BLCS
Em Fevereiro, o Lucky Star – Cineclube de Braga dedica as suas terças-feiras à cineasta japonesa Kinuyo Tanaka, de quem já exibiu três filmes em Novembro do ano passado. As sessões realizam- se às 21h30 no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.
Kinuyo Tanaka foi uma actriz e realizadora nascida em 1909, na cidade de Shimonoseki, e falecida em 1977. Como intérprete, foi mesmo uma das mais famosas actrizes do Japão e apareceu em mais de 200 filmes, trabalhando com cineastas tão importantes como Yasujiro Ozu, Hiroshi Shimizu, Kenji Mizoguchi, Mikio Naruse e Akira Kurosawa.
O ciclo dedicado à cineasta, intitulado “Voltar a Tanaka - A Mulher de Quem se Fala”, termina Terça-Feira às 21h30 com a exibição de Senhora Ogin, de 1962, a última longa-metragem realizada por Kinuyo Tanaka, uma adaptação do romance homónimo de Tōkō Kon protagonizada por Ineko Arima e Tatsuya Nakadai.
A obra ambienta-se no final do século XVI, no Japão. O cristianismo vindo do Ocidente é banido no país, mas a Senhora Ogin (Ineko Arima) apaixona-se por um samurai devoto, Ukon Takayama (Tatsuya Nakadai). O guerreiro decide dedicar-se à sua fé e Ogin casa com um homem que não ama. Alguns anos depois, o samurai regressa e confessa-lhe o seu amor. Ela quer libertar-se, mas iniciam-se as perseguições anti-cristãs...
“Gin não é uma excepção na galeria das personagens em busca do seu lugar,” escreveu Mario Vitale sobre este filme em 2015. “É a última de uma série de personagens femininas na filmografia de Tanaka com sentimentos e desejos constantemente adiados e submetidos a sucessivos códigos de conduta que têm de ser desafiados.”
“Há aqui, de novo, um combate íntimo entre religião e blasfémia que não deixou de surgir desde o primeiro filme que Tanaka realizou,” continuava Vitale. “Em Carta de Amor, cujas últimas palavras são os famosos versículos de João 8:7, conviviam a idealização e a prostituição. Para Sempre Mulher renunciava o consolo religioso perante o avanço do cancro e do desejo sexual. Senhora Ogin é o último eco do “God isn’t enough” que a devota e excitada Agatha Andrews murmurava na última obra-prima que Ford rodaria quatro anos depois.”
“Repleta de cenas de simbologia cristã,” terminava, “Tanaka é capaz de as combinar de forma tão harmoniosa como ousada: o único encontro sexual dos protagonistas é precedido de uma lavagem dos pés e sucedido por um banho quase baptismal; a cruz, o símbolo supremo do cristianismo, aparece e reaparece para ser escondida, arrancada raivosamente, observada em procissão ou orgulhosamente colocada...”
As sessões do cineclube ocorrem sempre às terças-feiras, às 21h30, e a entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do Lucky Star têm entrada livre.
Até Terça-Feira!
Sem comentários:
Enviar um comentário