domingo, 23 de maio de 2021

191ª sessão: dia 25 de Maio (Terça-Feira), às 19h00


No final de Maio, olhamos para a carreira dos The Stooges, a mítica e influente banda de Iggy Pop, vocalista, Ron Asheton, primeiro guitarrista e baixista, Scott Asheton, baterista, Dave Alexander, o primeiro baixista, e James Williamson, guitarrista, através das lentes de Jim Jarmusch, no último filme deste mini-ciclo dedicado ao realizador. Gimme Danger, de 2016, é então a nossa próxima sessão no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.

Quando a Billboard perguntou ao norte-americano o que é que Iggy Pop lhe tinha dito quando o convidou para o projecto, ele respondeu que "(...) isso foi há oito anos, acho eu. Ele disse, "Ouve, vão começar a sair coisas sobre mim e sobre a minha vida e obra. Está a receber imensos pedidos, ou pessoas a falar sobre livros ou filmes." Ele disse, "Sei que adoras tanto os The Stooges, e eu adorava que, se alguém fizesse um filmes sobre os The Stooges, adorava que fosses tu." Eu fiquei do tipo, "Okay, começo amanhã.” 

"(...) Foi assim que comecei. Filmei-o, fiz-lhe perguntas. Já o tinha feito antes. Fui até à Florida e fiz-lhe perguntas em filme para outra coisa que alguém me pediu para fazer. Não me consigo lembrar o que era, mas só o tinha entrevistado durante quatro horas. Então desta vez fui lá com a nossa pequena equipa, e entrevistámo-lo durante dois dias e meio. Tivemos, uau, esqueço-me de quantas horas e somos amigos, portanto ele confia em mim. Portanto podia-lhe perguntar qualquer coisa. Ele podia dizer, "Não usemos isto, ou blá blá blá." Mas ele está muito desguarnecido, e está muito relaxado, portanto só lhe pedia para arrancar. A parte inicial do filme era, vamos obter dele esta história oral, e depois vamos contactar a família -- a banda. Não queríamos uma daquelas cabeças falantes, “Aqui Henry Rollins, blá blá blá.” Sem ofensa ao Henry Rollins, ele é óptimo. Mas sabem o que quero dizer? Eu só queria conseguir a banda, e depois, claro, a Kathy Asheton porque ela é que instigou mesmo -- isso é uma coisa que podia ser um bocado mais clara no filme, quão instrumental ela foi em os convencer a formar uma banda quando eram adolescentes. Ela é a irmã mais nova. Adoro-a; é fantástica. E o Danny Fields, claro. Ele é a família. É o maior, sabem; adoro-o. Há um filme sobre ele, Danny Says, por causa da canção dos Ramones, "Danny says we gotta go, gotta go to Idaho,” porque ele foi agente dos Ramones, claro."

Em entrevista ao site irlandês movies.ie, e quando estes quiseram saber que memórias o projecto tinha reavivado, Iggy Pop disse que "[quando] eu vi o filme pela primeira vez, bateu-me mesmo “Oh Cristo, eu sou um produto daqueles tempos”. Na altura aceita-se simplesmente que é isso que está a acontecer e detesto-o como o caralho e é uma merda. Aceita-se sempre… Imagino que tenha vindo com a idade, sei que dia é hoje mas não o aceito. Sinto que é fugaz, mas não sabia isso na altura mas com o filme bateu-me. Quando vi as imagens do John Sinclair e só a forma como as pessoas se vestiam, e os cachimbos e os banhos nus… Essas coisas todas. Those were the times, e para mim foi importante como o caralho. 

Em relação ao que aprendeu sobre cinema, disse que "(...) muitas pessoas não sabem isto, mas em qualquer filme musical, quando ouvimos uma peça de música – e também a vemos – temos de resolver a imagem visual, mas também se tem de resolver a gravação sonora, e depois os direitos intelectuais do escritor. Portanto para cada pequeno excerto há três autorizações diferentes. Eu fiquei chocado quando eles conseguiram arranjar o The Wild One com o Brando, está lá o High School Confidential e o Howdy Doody Show, que me emocionou. É complicado."

Para o Diário de Notícias, e pela altura da estreia do documentário em Portugal, Inês Lourenço escreveu que "muitos já se terão perguntado sobre a origem do look peculiar de Iggy Pop, sempre de tronco nu, quer aos 20 anos quer quase aos 70. A resposta surge em Gimme Danger, documentário de Jim Jarmusch sobre os The Stooges, que integrou a seleção oficial do último Festival de Cannes. Para não deixar o leitor preso à interrogação, revelamos essa curiosidade: a escolha do músico de subir aos palcos sem camisa teve inspiração nos filmes que via com esbeltos faraós do Egipto... Na parte do documentário em que o declara, Jarmusch ilustra a ideia com um excerto de Os Dez Mandamentos (1956), de DeMille, em que Ramsés é interpretado por Yul Brynner. 
 
"É com este sentido de pormenor que o cineasta americano trabalha a viagem focada na história da banda, que é muito a história do próprio Iggy Pop, algumas vezes aqui chamado pelo seu nome de nascimento, James Osterberg. Jarmusch, que o dirigiu em Homem Morto (1995) e Café e Cigarros (2003), não poderia ser mais talhado para realizar o tributo."

Até Terça-Feira!

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