por David Ferreira
The Last Picture Show retrata a vida numa pequena cidade do Texas no início dos anos 1950. A partir do local e da era, e da forma como o filme é dirigido e fotografado, sentimos de forma melancólica a busca de identidade e propósito nesta passagem da adolescência para a idade adulta.
Bogdanovich filma com a mestria dos seus heróis (Ford, Hawks) a transição para a vida adulta com uma honestidade brutal, sem cair em sentimentalismos fáceis. A complexidade da feminidade e a sexualidade neste retrato é tratada de forma franca e, por vezes, controversa, 50s à la 70s, sem as 7 saias mas com mamas. As relações humanas refletem a busca desesperada dos personagens por conexão e significado, no deserto daquela cidade decadente e enfadonha.
E nesse deserto, o cinema seria um dos locais de escape e diversão; já para o fim, Ms. Mooney lamenta tê-lo perdido para o futebol e a televisão.
Este fim metaforiza com o fim daquela era (que terminaria no fim da década). Este fim do cinema já se preconiza há muito. Talvez hoje vivamos o maior estado de indefinição desta nossa arte - para onde se caminha entre os super heróis e a ideologia e para onde se caminha como linguagem na relação com um publico que flutua (afoga) num oceano de imagem precocemente "ejaculada"(?).
Eu não sei.
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