sexta-feira, 14 de junho de 2024

Rapariga com Um Espelho (2022) de Nuno Dias



por José Amaro

O Nuno Dias começou a aparecer nas sessões do Lucky Star em 2022, ano em que se fez sócio. Vinha com razoável regularidade, sempre com aquele ar tímido de quem pede desculpa por estar ali. Por estar onde faz todo o sentido que esteja. 

Há uns meses atrás, creio que em outubro, o Nuno Dias veio, insisto, timidamente, propor-nos que exibíssemos uma curta metragem sua. Tratou-se de uma sessão muito intimista, não pública porque aquela curta ainda não tinha sido estreada e estava em fase de candidatura a festivais. 

Foi um prazer ver aquele trabalho sobre o qual continuamos a não poder falar mas que, a seu tempo, será exibido numa das nossas sessões. Quando pensámos no Ciclo deste mês de junho “A cada um o seu Cinema - 4 curtas, 4 Realizadores e 4 Escolhas” o Nuno surgiu-nos, imediatamente, como um dos realizadores a convidar, convite que aceitou prontamente. 

A curta que nos traz, é a que hoje exibimos, Rapariga Com Um Espelho, produzida no âmbito da sua Licenciatura em Cinema na Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior. Trata-se de um filme já premiado. Em 2021, recebeu o “Cardinal Audience Choice Award”, no CineMapúa International Student Short Film Festival e, em 2022, um galardão no Festival de Cinema de Avanca, com o Prémio <30, destinado a realizadores com menos de 30 anos. 

Rapariga com Um Espelho ficciona a frustração crescente de Victória, uma jovem modelo, ao posar para Eduardo, o pintor que escolheu e espera que venha a imortalizar a sua beleza. É assim que vamos percebendo como a vaidade de Victória a atormenta e frusta ao deparar-se com a relutância de Eduardo em mostrar-lhe a evolução do quadro. É para o que a câmara do Nuno nos encaminha, através dos grandes detalhes da jovem modelo ao captar-lhe expressões faciais que conseguem trazer-nos as suas emoções. Ou mesmo com o espelho, afinal um elemento de importância substancial na introspeção de Victória. 

Toda a ambiência do filme e falamos das cores, dos cenários, da luz, da própria música e mesmo dos silêncios e da lentidão de todo o seu ritmo da câmara, a própria forma contida como os personagens se expressam, são elementos fundamentais, meticulosamente trabalhados para nos fazer compreender a psicologia da Rapariga com (ou sem) um espelho.



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