sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

A Glória de Fazer Cinema em Portugal (2015) de Manuel Mozos



por Manuel Mozos

O filme, até agora, teve poucas projecções e, naquilo que me foi dado a entender pelas pessoas com quem conversei ou que me enviaram mensagens, realmente há pessoas que ficam na dúvida, não sabem o que é o verdadeiro, o que é o falso. Há outras que conseguem identificar mais facilmente. Há ali, também, camadas de informação que, eventualmente, para pessoas que tenham um maior conhecimento de cinema, servem para se poder perceber que há ali nomes que nunca existiram. Com um bocado de investigação a pessoa pode chegar à conclusão que aquilo que está no filme não foi bem assim ou não foi de todo assim. Mas aconteceu-me uma coisa engraçada na primeira projecção que o filme teve em Vila do Conde. À saída, uma rapariga, mas que lhe achei imensa graça, veio ter comigo e disse-me “você a mim não me engana. Uma daquelas senhoras que participa no filme como se fosse de há muitos anos, compro-lhe o peixe todos os dias”. Fiquei desarmado, mas isso foi o oposto. Houve, também, pessoas com algum conhecimento que me perguntaram, “mas o Régio filmou mesmo aquelas imagens”, ou, “nunca ouvi falar do nome Morais Abraão.” Jogo, no filme, com uma base verídica, como o que o motivou. A carta do Régio é um facto real, que estudou em Coimbra e que formou um grupo, Os ULTRA, com aquelas pessoas que foram mencionadas. Ele conheceu, realmente, o Manoel de Oliveira à saída do cinema Olympia, no porto, naquela data, através do Casais Monteiro. Mas há outras coisas que não são verdade. Ainda ontem estive com duas pessoas já de idade, amigas pessoais de José Régio, e para elas aquilo é um enigma. Ou seja, nunca houve menção à intenção de se fazer cinema por parte de José Régio e mesmo dos outros elementos do seu círculo de amigos, do ULTRA ou do Alberto Serpa.

excerto de uma entrevista de 2015 ao realizador feita por Ana Isabel Fernandes

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