por Jorge Leitão Ramos
Nada de muito essencial? Nada, a não ser a revelação de um cineasta. E um excelente actor com um personagem dentro (Canto e Castro), a criação de uma ambiência, a vontade de contar uma história materializada num argumento sem personagens excrescentes (nem demasiada «conversa fiada»). Claro, Um Passo, Outro Passo e Depois... é filme com marcas de uma primeira obra – e é bom que assim seja. De uma certa ingenuidade narrativa (é pouco credível a «cumplicidade» latente entre o contínuo de liceu e o grupo de alunos, nocturnos e mansos marginais, mesmo atendendo a que aquele dera o primeiro passo de saída do trilho da ordem ao facultar uma chave do liceu a uma rapariga que lhe terá... sugerido o quê?), a algumas piscadelas de olho (Alberto Seixas Santos num professor com dores de cabeça...), vários são os sinais de um primeiro momento que, todavia, se não detecta lá onde é mais habitual identificá-lo, pela negativa: a direcção de actores e a fluência narrativa, a manipulação dos tempos.
in «Dicionário do Cinema Português – 1989-2003»
Editorial Caminho, Janeiro de 2006, pp. 467-468.
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