“A Cordilheira dos Sonhos” no auditório da BLCS
Durante os meses de Setembro e Outubro, no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, o Lucky Star – Cineclube de Braga exibe doze longas-metragens e uma curta em parceria com os Encontros da Imagem. O ciclo tem como mote o tema dos Encontros deste ano, “Ensaio para o Futuro”, e é inteiramente dedicado à memória de Carlos Fontes.
O primeiro filme do mês de Outubro é A Cordilheira dos Sonhos de Patricio Guzmán, exibido amanhã às 21h30. Considerado a terceira parte de uma trilogia formada por Nostalgia da Luz e O Botão de Nácar, foi lançado em Maio de 2019 no Festival de Cannes, onde venceu o prémio L’Oeil d’or para o melhor documentário, ex-aequo com Para Sama de Waad Al-Kateab e Edward Watts.
Guzmán é um cineasta chileno talvez mais conhecido pela trilogia de filmes documentais que dedicou aos conturbados anos setenta no seu país, da eleição de Salvador Allende ao golpe de estado de Augusto Pinochet, passando pelas reacções dos populares e dos trabalhadores aos acontecimentos. Os filmes dessa trilogia são La lucha de un pueblo sin armas, estreado em 1975, La insurréccion de la burguesia, de 1976, e El poder popular de 1979.
A Cordilheira dos Sonhos é também assombrada, como toda a obra de Guzmán, pelos acontecimentos dos anos setenta, mas adopta a perspectiva da cordilheira dos Andes, segundo ele a coluna vertebral do país. “Se pudéssemos traduzir o que dizem as pedras”, diz Guzmán no trailer do filme, “teríamos todas as respostas que nos faltam.”
Numa entrevista a Emilio Mayorga, em 2019, quando lhe é perguntado porque dedica o seu filme à cordilheira dos Andes, Guzmán responde que é “por ser um muro importante... Não se pode prescindir dele em sítio nenhum, nem em Santiago nem em praticamente lado nenhum do país. Eu acho que esse muro contribui para a solidão, a depressão e ao fechamento que se vive no Chile. E que se vive desde sempre, até desde antes de Pinochet.”
Continuando, o realizador explica que “há una forma de ser do povo chileno que está condicionada por esta barreira imensa, sem fim. O Chile é um país encerrado, um vale estreito e isso alimentou a nossa maneira de ser, que é completamente diferente da dos argentinos. O nosso país é virado para a tristeza.”
As sessões do Lucky Star - Cineclube de Braga ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, durante este ciclo às terças e quintas-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes e utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.
Até amanhã!
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