quarta-feira, 18 de outubro de 2023

315ª sessão: dia 19 de Outubro (Quinta-Feira), às 21h30


“Holy Motors” de Leos Carax é a próxima sessão do cineclube 
 
Durante os meses de Setembro e Outubro, no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, o Lucky Star – Cineclube de Braga exibe doze longas-metragens e uma curta em parceria com os Encontros da Imagem. O ciclo tem como mote o tema dos Encontros deste ano, “Ensaio para o Futuro”, e é inteiramente dedicado à memória de Carlos Fontes. 

Esta quinta-feira exibe-se a quinta longa-metragem de Leos Carax, Holy Motors, um filme de ficção científica de 2013 com Denis Lavant, Édith Scob, Eva Mendes, Kylie Minogue, Michel Piccoli e o próprio Leos Carax no elenco. Acompanha a vida de um homem chamado Oscar durante 24 horas. 
 
“Durante muito tempo,” disse o cineasta e argumentista francês a Aurélien Ferenczi da revista Télérama em 2012, “fui incapaz de imaginar um projecto estabelecendo regras de antemão («não demasiado caro», «não demasiado complicado», etc.). O que tornava tudo impossível, numa altura em que quase já não tinha aliados (mortos ou chateados) e em que os alfandegários do meio, cada vez mais numerosos, me barravam a passagem.” 
 
“A minha participação no filme Tokyo! libertou-me,” continuava ele. “Era uma encomenda, quarenta minutos num filme a três cineastas, longe de França. Precisei de o imaginar e de o rodar muito rápido. Percebi que era capaz disso, que essa rapidez de traço abria mesmo o meu cinema para outras dimensões. Mas também que isso tinha um preço: o abandono da película pelo digital. Ora, a minha paixão pelo cinema estava – ainda está – tremendamente ligada ao rolar da película, ao motor na câmara. Daí a bizarria em relação a Holy Motors: é uma celebração dos motores e da acção, rodada sem ­câmara (as câmaras digitais são computadores, não são câmaras)."
 
Num texto de 2018 escrito para a FOCO - Revista de Cinema, o crítico brasileiro Matheus Cartaxo disse que “Jorge Luis Borges, em A loteria na Babilônia, fala que dos menores aos mais drásticos eventos da realidade (o grito de um pássaro, as matizes da ferrugem e do pó, a morte de um homem, a escolha do seu executor, enumera o argentino), todos são resultados de decisões feitas através de sorteios, por uma instituição secreta, a Companhia, e colocadas em prática pelos seus agentes, não menos discretos e invisíveis.” 
 
Dois deles poderiam se chamar Céline e Oscar”, continua ele referindo-se às personagens de Holy Motors, “a quem certa vez coube ser coadjuvantes na noite em que, no olhar daquela cantora de jazz, George La Main enxergou toda a tristeza do mundo e a longa jornada de aprendizado que teria pela frente.” 
 
Até amanhã!

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