segunda-feira, 9 de outubro de 2023

312ª sessão: dia 10 de Outubro (Terça-Feira), às 21h30


Obra-prima de Jacques Tati para ver na BLCS 
 
Durante os meses de Setembro e Outubro, no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, o Lucky Star – Cineclube de Braga exibe doze longas-metragens e uma curta em parceria com os Encontros da Imagem. O ciclo tem como mote o tema dos Encontros deste ano, “Ensaio para o Futuro”, e é inteiramente dedicado à memória de Carlos Fontes. 
 
Playtime - Vida Moderna de Jacques Tati, é o filme que se exibe na próxima terça-feira às 21h30. É a quarta longa-metragem do cineasta francês e é uma grande produção filmada em película de 70 mm sobre uma Paris situada algures no futuro, recriada num enorme estúdio que foi baptizado de “Tativille”. Os trabalhos de pré-produção iniciaram-se em 1963, o filme estreou-se em 1967. 
 
“Podia-lhe ter chamado «o tempo dos lazeres» mas preferi adoptar Playtime,” disse Jacques Tati a propósito da escolha do título do seu filme, considerado por muitos como a sua obra-prima bem como o trabalho mais arrojado que já realizou, influenciando inúmeros cómicos e cineastas ao longo dos anos. 
 
“Nesta vida moderna parisiense,” continua o cineasta francês na mesma entrevista, “é muito chique empregar palavras inglesas para vender uma certa mercadoria: estacionamos os caros em «parkings», as donas de casa vão fazer compras ao «supermarket», há uma «drugstore», à noite no «night-club» vendem-se bebidas «on the rocks», almoçamos nos «snacks» e quando temos muita pressa nos «quick». Não consegui encontrar um título em francês.” 
 
Serge Daney, crítico francês que, quando fundou a sua revista no início dos anos 90, lhe deu o nome de “Trafic”, nome doutro filme de Jacques Tati, de 1971, disse em 1992 a Jean-Michel Frodon que “o cinema fornece um relato daquilo que está prestes a surgir. A surgir dos corpos, dos actores, de uma situação, de uma sociedade. Revela-o registando-o. Um grande cineasta é apenas alguém que é melhor que os outros a dar à luz.” 
 
“Jacques Tati não inventou o mundo em que a França já estava absorta em 1967,” continuava Daney. “Ele viu-o e inventou a habilidade para o mostrar. É Playtime, o último filme francês com verdadeira grandiosidade. O cinema não é uma arte de visionários, é um empurrão levado a cabo com máquinas que captam (a câmara, o gravador de som) e máquinas que são captadas (os actores, as estórias).” 
 
As sessões do Lucky Star - Cineclube de Braga ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, durante este ciclo às terças e quintas-feiras às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes e utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.

Até Terça-Feira!

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