Guiné-Bissau em foco esta semana no cineclube
Durante o mês de Outubro, o Lucky Star – Cineclube de Braga exibe catorze filmes em parceria com os Encontros da Imagem, com sessões às terças e quintas-feiras no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva. O ciclo adopta um termo cunhado pelo poeta e ensaísta Édouard Glissant, intitulando-se “Cinema Todo-Mundo - colonialismo e a memória do futuro”.
O próximo filme do ciclo, marcado para terça-feira à noite, será Acto dos Feitos da Guiné de Fernando Matos Silva. Com música de Fausto, argumento de Matos Silva e Margarida Gouveia Fernandes e fotografia de José Luís Carvalhosa, o filme vai ser mostrado em cópia digitalizada e restaurada pela Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema.
Em Acto dos Feitos da Guiné, os discursos hegemónicos e apologéticos sobre a História da Nação portuguesa são confrontados com as imagens captadas da “Guiné Portuguesa”, entre 1969 e 1970, a par com os registos de Lisboa após a Revolução dos Cravos. Desocultando eventos históricos vários, deparamo-nos com a brutalidade da ocupação portuguesa em África e a violência da guerra colonial.
"O filme de Fernando Matos Silva guarda marcas autobiográficas," escreveu Maria João Madeira na sua folha da Cinemateca sobre este filme, "onde se conjugam as imagens
documentais e a ficção, distintas, neste caso, pela cor das sequências de ficção que encenam um “Acto”
onde os “feitos” são contados por personagens que representam voltadas para a câmara, saídas de portas
temporariamente abertas, em contraste com o preto-e-branco das imagens filmadas no território da
Guiné-Bissau no fim da década de 1960. O realizador parte da sua experiência pessoal, cruza-a com uma
personagem de ficção, a “história”, para traçar uma história da passagem portuguesa pelo território
africano: a da descoberta portuguesa da Guiné, a do reconhecimento da soberania portuguesa pelo
Presidente dos Estados Unidos em 1870, a da exaltação do “fascista”, a da guerra colonial contada pelo
“comando” e pelo “guerrilheiro”. Mas mais do que a encenação do “Acto”, são as imagens de guerra,
cruas e extremas de ambos os lados, o mais impressionante. E além do horror explícito delas, a guerra, os
estropiamentos, a morte, sobretudo impressionante é o profundo cansaço dos rostos dos soldados."
As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, durante este ciclo às terças e quintas às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.
Até Terça-Feira!
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