Segunda longa-metragem de Ousmane Sembène para ver na biblioteca
Durante o mês de Outubro, o Lucky Star – Cineclube de Braga exibe catorze filmes em parceria com os Encontros da Imagem, com sessões às terças e quintas-feiras no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva. O ciclo adopta um termo cunhado pelo poeta e ensaísta Édouard Glissant, intitulando-se “Cinema Todo-Mundo - colonialismo e a memória do futuro”.
Na quinta-feira dia 24, às 21h30, exibe-se Mandabi de Ousmane Sembène, escritor e cineasta senegalês nascido em 1923 e falecido em 2007. A sessão será de entrada gratuita para todo o público e conta com o apoio da Alliance Française e do Institut Français du Cinéma.
Em Mandabi, Sembène expõe a vida moderna do Senegal, abordando temas como o neocolonialismo e o capitalismo, as desigualdades sociais e a corrupção. Ibrahima Dieng vive no Dakar juntamente com as duas esposas e os 7 filhos. Desempregado e endividado, recebe uma ordem de pagamento emitida pelo sobrinho emigrado em Paris.
Em 1968, em entrevista a Guy Hennebelle para a revista Jeune Cinéma, e face à pergunta sobre o que fazia antes do cinema e que idade tinha, Ousmane Sembène respondeu, "Oh, sou velho, muito velho. Nasci em 1923, em Ziguinchor, no Sénegal. Andei um bocado por todo o lado e exerci profissões muito variadas: pescador, pedreiro, mecânico. Fui estivador no porto de Marselha durante dez anos. Foi graças à União Soviética que me tornei cineasta. Passei um ano no Studio Gorki em Moscovo. Antes disso, tinha publicado vários livros a partir de 1956: Docker noir, Ô pays, mon beau peuple, Voltaïque, O harmatão. Em 1966, recebi o Primeiro prémio de romance no Festival des arts nègres em Dakar, por Vehi-Ciosane. Também foi nesse ano que a Présence africaine publicou Le Mandat do qual extraí a minha segunda longa-metragem."
"Nos países da África negra francófona (e noutros locais)," disse Sembène na mesma entrevista, "assiste-se actualmente ao nascimento de uma classe nova que não é tão composta por poderosos mas antes por intelectuais e quadros administrativos. É o surgimento dessa "nova classe africana" que eu denuncio. Já o tinha feito em Borom Sarret e La Noire de..., ainda que neste último filme estigmatize sobretudo o neo-colonialismo francês e o novo tráfico de escravos."
As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, durante este ciclo às terças e quintas às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.
Até Quinta!
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