Moçambique em foco esta semana no cineclube
Durante o mês de Outubro, o Lucky Star – Cineclube de Braga exibe catorze filmes em parceria com os Encontros da Imagem, com sessões às terças e quintas-feiras no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva. O ciclo adopta um termo cunhado pelo poeta e ensaísta Édouard Glissant, intitulando-se “Cinema Todo-Mundo - colonialismo e a memória do futuro”.
Esta quinta-feira exibe-se Margot de Catarina Alves Costa, antropóloga e realizadora
portuguesa. Realizou vários documentários etnográficos, lecciona e desenvolve investigação na área do
cinema e da antropologia. É, ainda, autora do livro Cinema e Povo. Representações da cultura popular
no cinema português (2021) e estará presente nesta sessão.
Em Margot, o passado colonial é explorado a partir do trabalho da etnomusicóloga alemã Margot
Dias, realizado, entre 1958 e 1961, na região de Mueda, em Moçambique. Os registos das práticas
culturais dos Maconde são revisitados pela realizadora que se desloca até Moçambique para os partilhar
com a comunidade, num gesto de restituição da memória, procurando, por sua vez, testemunhos acerca
da passagem de Margot.
"Foi um filme que comecei a trabalhar há muitos anos," disse Alves Costa sobre o seu filme em entrevista ao diário 7MARGENS no ano passado, "ainda quando trabalhava no Museu de Etnologia, então dirigido por Joaquim Pais de Brito e surgiu a ideia de fazer um guia dos filmes da Margot Dias. Nesta altura, conheci o trabalho dela e nunca mais deixei de pensar no assunto. Sonorizei para um DVD os seus arquivos para a Cinemateca e a ideia do filme foi surgindo. Já sabia tantas coisas sobre aquela história.
Quando lhe perguntaram na mesma entrevista como foi o encontro com Margot Dias, a realizadora respondeu que "foi uma pessoa com uma capacidade enorme para mudar a sua vida já numa fase madura. Foi inicialmente pianista e começou a dedicar-se à Antropologia quando conheceu Jorge Dias. Era uma pessoa muito fascinada por África. O filme conta um pouco a história do trabalho destes investigadores durante a guerra colonial, onde se cruzavam personagens complexas e não tanto os bons e os maus. Ela filmou o povo da etnia “Makonde”, no Norte de Moçambique e procurei ir à procura da forma como essas pessoas olham para esta história. É um filme com várias camadas e muito pessoal. Também entro no filme…"
As sessões do Lucky Star ocorrem no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, durante este ciclo às terças e quintas às 21h30. A entrada custa um euro para estudantes, dois euros para utentes da biblioteca e três euros para o público em geral. Os sócios do cineclube têm entrada livre.
Até Quinta!
Sem comentários:
Enviar um comentário